OCEPE

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A Área de Expressão e Comunicação é a única em que se distinguem diferentes domínios, que se incluem na mesma área por terem uma íntima relação entre si, por constituírem formas de linguagem indispensáveis para a criança interagir com os outros, exprimir os seus pensamentos e emoções de forma própria e criativa, dar sentido e representar o mundo que a rodeia.

Estas características levam a considerá-la uma área básica, pois incide em aspetos essenciais de desenvolvimento e aprendizagem, que permitem à criança apropriar-se de instrumentos fundamentais para a aprendizagem noutras áreas, mas, também, para continuar a aprender ao longo da vida. 

Os domínios que fazem parte da área de Expressão e Comunicação são os seguintes:

Domínio da Educação Física, que privilegia uma abordagem global não especificando componentes.

Domínio da Educação Artística, que, tendo perspetivas e estratégias comuns, engloba diferentes linguagens, cuja especificidade determina a introdução de quatro subdomínios: artes visuais, jogo dramático/teatro, música e dança. 

Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita, que considera não só a íntima relação e a complementaridade entre estes dois tipos de aprendizagem da língua, mas também a sua especificidade, levando a apresentá-los separadamente, com a indicação das respetivas componentes. 

Domínio da Matemática, onde são apresentados princípios gerais subjacentes às quatro componentes que integram as aprendizagens a realizar neste domínio.

De acordo com os fundamentos e princípios que deverão orientar toda a educação de infância, e tendo em conta que os domínios da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita e da Matemática reenviam para conteúdos com especial relevo na educação escolar, considerou-se que seria de destacar, em cada um deles uma componente transversal associada a atitudes e disposições: “Prazer e motivação para ler e escrever” e “Interesse e curiosidade pela matemática”. 


Domínio da Educação Física

O corpo, que a criança vai progressivamente dominando desde o nascimento e de cujas potencialidades vai tomando consciência, constitui um meio privilegiado de relação com o mundo e o fundamento de todo o processo de desenvolvimento e aprendizagem.

 

Desenvolvimento da consciência e domínio do corpo

Numa perspetiva de construção articulada do saber em que a criança é sujeito da aprendizagem, a Educação Física, como abordagem globalizante, possibilita-lhe um desenvolvimento progressivo da consciência e do domínio do seu corpo e, ainda, o prazer do movimento numa relação consigo própria, com o espaço, com os outros e com os objetos.

A Educação Física, no jardim de infância, deverá proporcionar experiências e oportunidades desafiantes e diversificadas, em que a criança aprende: a conhecer e a usar melhor o seu corpo, criando uma imagem favorável de si mesma; a participar em formas de cooperação e competição saudável; a seguir regras para agir em conjunto; a organizar-se para atingir um fim comum aceitando e ultrapassando as dificuldades e os insucessos.

 

Promover estilos de vida saudável e prática do exercício físico

O domínio da Educação Física relaciona-se com a área de Formação Pessoal e Social, pois contribui para o desenvolvimento da independência e autonomia das crianças e das suas relações sociais, constituindo ainda uma ocasião de promover estilos de vida saudável, ao fomentar a prática regular do exercício físico e o contacto com a natureza. Articula-se assim com o Conhecimento do Mundo e também com outros domínios da Área de Expressão e Comunicação, estando relacionada com a Educação Artística, nomeadamente com a Dança e a Música, pois favorece a vivência de situações expressivas e de movimento criativo utilizando imagens, sons, palavras e acompanhamento musical. Tem ainda ligação com a Linguagem Oral (identificação e designação das diferentes partes do corpo) e com a Matemática (representação e orientação no espaço).

O desenvolvimento da Educação Física pode apoiar-se em materiais existentes na sala e no espaço exterior (recreio, parques infantis, matas, etc.) ou ter lugar em espaços apetrechados para o efeito (ginásios). Os diferentes espaços têm potencialidades próprias, cabendo ao/à educador/a tirar partido de contextos, situações e materiais (destinados à educação física, naturais e reutilizáveis) que permitam diversificar e enriquecer as oportunidades específicas de atividade motora. 

 

Exploração livre do espaço, do movimento e dos materiais

A Educação Física é também um espaço privilegiado de brincar em que o/a educador/a cria condições de exploração livre do espaço e do movimento, permitindo que a criança invente os seus movimentos, tire partido de materiais, coloque os seus próprios desafios e corra riscos controlados, que lhe permitam tornar-se mais autónoma e responsável pela sua segurança. 

O/A educador/a faz também propostas, aceita e negoceia as iniciativas das crianças para a realização de atividades organizadas de movimento e jogos. Estas atividades possibilitam à criança desenvolver as suas capacidades motoras e de expressão, bem como a apropriação e o domínio do espaço e dos materiais, sendo ainda um contributo para a aprendizagem de diversas formas de relacionamento com os outros (cooperação ou oposição).

Na abordagem lúdica, que deve estar subjacente a toda a Educação Física, o jogo constitui um recurso educativo, que é apresentado de forma atrativa e tem em conta os interesses, motivações e propostas das crianças.

Os jogos com regras, progressivamente mais complexas, são, ainda, ocasiões de desenvolvimento da coordenação motora e de socialização, de compreensão e aceitação das regras e de alargamento da linguagem, proporcionando, ainda, uma atividade agradável que dá prazer às crianças. 

 

Mobilizar o corpo com precisão e coordenação

O processo de aprendizagem na Educação Física vai permitir à criança mobilizar o corpo com mais precisão e coordenação, desenvolvendo resistência, força, flexibilidade, velocidade e a destreza geral. Possibilita-lhe ainda aprender a coordenar, alterar e diferenciar melhor os seus movimentos, através do controlo do equilíbrio, ritmo, tempo de reação, de forma a desenvolver e aperfeiçoar as suas capacidades motoras em situações lúdicas, de expressão, comunicação e interação com outros. 

Este processo de aprendizagem organiza-se em torno de três eixos com relação entre si: 

 

Controlo voluntário do movimento

Ação da criança sobre si própria e sobre o seu corpo em movimento - Deslocamentos e Equilíbrios - ao iniciar a educação pré-escolar, a criança já possui algumas aquisições motoras básicas, tais como andar, correr, transpor obstáculos, manipular objetos. Partindo destas aquisições, serão criadas situações em que a diversificação de formas de utilizar e de sentir o corpo deem lugar a situações de aprendizagem em que há um controlo voluntário desse movimento — iniciar, parar, seguir vários ritmos e várias direções. A exploração de diferentes formas de movimento permite ainda tomar consciência dos vários segmentos do corpo, das suas possibilidades e limitações, facilitando a progressiva interiorização do esquema corporal e também a tomada de consciência do corpo em relação ao espaço exterior — esquerda, direita, em cima, em baixo, etc. 

Ação da criança sobre os objetos - Perícias e Manipulações - a criança adapta progressivamente as suas ações a meios específicos e a objetos variados, aumentando o seu repertório de movimentos pensados, interiorizados e expressos como resposta aos desafios encontrados. A realização de ações motoras básicas de exploração e domínio de aparelhos portáteis (bolas, cordas, arcos, raquetas, balões, etc.) permite à criança explorar a relação do corpo com os objetos em movimento no espaço, o controlo dos objetos, utilizando as mãos e os pés, bem como outras partes do corpo. A criança deverá ter a oportunidade de aperfeiçoar estas habilidades, realizando diferentes combinações de elementos já conhecidos ou reinventando outras formas de utilizar os materiais.

O desenvolvimento da criança nas relações sociais em atividades com os seus parceiros – Jogos – ao jogar com outros, a criança envolve-se numa diversidade de interações sociais propiciadas por diferentes formas de organização (individual, a pares, em equipas, tais como jogos de perseguição, de precisão, de imitação, etc.), que apelam não só à cooperação, mas também à oposição (jogos só com opositores; com opositores e com objetos; com opositores, com objetos e com o espaço de jogo), situações que podem ser encontradas em muitos jogos tradicionais. 

Estes jogos da iniciativa da criança ou propostos pelo/a educador/a devem dar a todos a possibilidade de participar. O/A educador/a estará atento às capacidades e habilidades motoras de cada criança e à sua influência nas relações que se estabelecem nos jogos (escolhas de parceiros, marginalização de algumas crianças, receio de participar por se considerar menos capaz, etc.). Cabe ao/à educadora não permitir situações de exclusão e dialogar com as crianças sobre as competências motoras de cada uma, o modo como podem ser mobilizadas num trabalho de equipa, que permita também a interajuda entre os que são mais e menos capazes, tirando partido de situações que contribuem para a aceitação da diferença e a cooperação entre crianças.


Aprendizagens a promover:

  • Cooperar em situações de jogo, seguindo orientações ou regras. 
  • Dominar movimentos que implicam deslocamentos e equilíbrios como: trepar, correr, saltitar, deslizar, rodopiar, saltar a pés juntos ou num só pé, saltar sobre obstáculos, baloiçar, rastejar e rolar.
  • Controlar movimentos de perícia e manipulação como: lançar, receber, pontapear, lançar em precisão, transportar, driblar e agarrar.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Demonstra gosto pelas atividades físicas, procurando progredir a partir do que já é capaz de fazer.
  • Coopera com os/as colegas em situações de jogo, envolvendo-se no trabalho de equipa
  • Aceita e cumpre as regras dos jogos, quer acordadas no grupo, quer propostas pelo/a educador/a ou pré-definidas pelo jogo escolhido 
  • Compreende que no jogo há resultados, aceitando a situação de ganhar ou perder.
  •  É capaz de compreender e esquematizar as regras dos jogos. 
  •  Se apropria da diversidade de possibilidades motoras, criando ou imaginando outras, propondo-as ao grupo.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Prevê e planeia espaços para a Educação Física, tirando sempre que possível partido de situações ao ar livre e de materiais naturais ou reutilizáveis.
  • Dá oportunidade à criança de explorar livremente o espaço (exterior ou interior) e de desafiar as suas destrezas motoras, correndo riscos controlados.
  • Disponibiliza materiais diversos, que permitam às crianças desenvolverem diferentes capacidades motoras. 
  • Disponibiliza espaços e materiais para que as crianças possam planear e propor os seus jogos.
  • Adequa as suas propostas ao desenvolvimento motor e interesses das crianças, estando atento às capacidades motoras de cada uma, encorajando-as a melhorar, valorizando as suas tentativas de realização e promovendo a cooperação entre elas.
  • Debate as regras dos jogos com as crianças e está atento/a às dinâmicas de interação no grupo, aos sentimentos e reações de cada criança quando ganha e perde, intervindo quando necessário.
  • Cria oportunidades para a criança explorar e desenvolver as diversas possibilidades do corpo através de movimentos e jogos que envolvam: rastejar, rolar, realizar rolamentos, saltar, correr, suspender-se, baloiçar-se, lançar uma bola ou um ringue, etc.

 

Síntese

DOMÍNIO DA EDUCAÇÃO FÍSICA
Aprendizagens a Promover
  • Cooperar em situações de jogo, seguindo orientações ou regras. 
  • Dominar movimentos que implicam deslocamentos e equilíbrios como: trepar, correr, saltitar, deslizar, rodopiar, saltar a pés juntos ou num só pé, saltar sobre obstáculos, baloiçar, rastejar e rolar.
  • Controlar movimentos de perícia e manipulação como: lançar, receber, pontapear, lançar em precisão, transportar, driblar e agarrar.

Sugestões de reflexão

  • Com que frequência promove, no tempo letivo do jardim de infância, momentos dedicados à Educação Física?
  • Como tira partido dos recursos existentes (espaços e materiais), no estabelecimento educativo ou na comunidade, para desenvolver a Educação Física?
  • Como aproveita as potencialidades ao ar livre e os materiais naturais ou reutilizáveis para a Educação Física?
  • Como considera os recursos existentes no espaço exterior? O que pode melhorar neste espaço para facilitar o desenvolvimento da Educação Física?
  • A organização do espaço da sala permite a sua adaptação ao desenvolvimento da Educação Física? Como pode melhorar esse espaço e diversificar os materiais existentes? 
  • Como envolve os pais/famílias para que compreendam a importância da atividade física e da vida ao ar livre no desenvolvimento e aprendizagem das crianças?

 

Domínio da Educação Artística

 
As diferentes linguagens artísticas, que fazem parte deste domínio (Artes Visuais, Jogo Dramático/Teatro, Música e Dança), são meios de enriquecer as possibilidades de expressão e comunicação das crianças.

 

Apropriação gradual de instrumentos e técnicas.

Estas diferentes formas de expressão não são em geral desconhecidas para as crianças, que, antes de entrarem para o jardim de infância, já tiveram oportunidade de desenhar, pintar, cantar, dançar, etc. Porém, um progressivo desenvolvimento dessas linguagens implica um processo educativo, que incentive um gradual conhecimento e apropriação de instrumentos e técnicas, o que pressupõe não só a expressão espontânea das crianças, como também a intervenção do/a educador/a.

 

Acesso à arte e à cultura artística

Essa intervenção parte do que as crianças já sabem e são capazes de fazer, do seu prazer em explorar, manipular, transformar, criar, observar e comunicar, para proporcionar experiências e oportunidades de aprendizagem diversificadas que ampliam a expressão espontânea das crianças e garantem o direito de todas no acesso à arte e à cultura artística. 

 

Desenvolvimento da criatividade e do sentido estético

Na educação artística, a intencionalidade do/a educador/a é essencial para o desenvolvimento da criatividade das crianças, alargando e enriquecendo a sua representação simbólica e o seu sentido estético, através do contacto com diversas manifestações artísticas de diversas épocas, culturas e estilos, de modo a incentivar o seu espírito crítico perante diferentes visões do mundo.

O papel da educação artística no desenvolvimento da criatividade, sentido estético e apreciação de diferentes manifestações artísticas e culturais implica uma íntima ligação com as áreas de Formação Pessoal e Social e do Conhecimento Mundo, contribuindo, nomeadamente: para a construção da identidade pessoal, social e cultural; para o conhecimento do património cultural e para a sensibilização à sua preservação; para o reconhecimento e respeito pela diversidade cultural. Este domínio proporciona ainda oportunidades de desenvolvimento da curiosidade, da expressão verbal e não verbal, de resolução de problemas, etc., que facilitam a sua articulação com essas áreas e também com os outros domínios incluídos na área de Expressão e Comunicação. Por sua vez, as técnicas e instrumentos próprios deste domínio podem ser mobilizados noutras áreas e domínios. O desenvolvimento da criatividade e do sentido estético e o contacto com diferentes formas de cultura não fazem apenas parte deste domínio, mas deverão estar presentes em todo o desenvolvimento do currículo, passando, também, pela organização do ambiente educativo, nomeadamente, no que diz respeito ao que é exposto na sala (trabalhos individuais e coletivos das crianças, instrumentos pedagógicos do grupo, informações aos pais/famílias, obras de arte, etc.). 

 

Diversidade, qualidade e acessibilidade dos materiais

A organização do espaço e dos materiais da sala, a sua diversidade, qualidade e acessibilidade são também determinantes para as oportunidades de exploração e criação das crianças no domínio da educação artística. De igual modo, o espaço exterior do jardim de infância pode ser utilizado para a realização de atividades de educação artística, bem como para a recolha de elementos naturais, a integrar nestas atividades. As potencialidades artísticas e culturais do meio social próximo serão também rentabilizadas na educação artística e complementadas pelo contacto com outras fontes de informação, tais como contextos virtuais, consultados on line ou em gravação digital.

A abordagem à Educação Artística envolve o desenvolvimento articulado de estratégias que permitam à criança: 

  • apropriar-se progressivamente de diferentes técnicas e conhecimentos, através da exploração, experimentação e observação, utilizando-as de modo intencional nas suas produções. 
  • ensaiar formas de expressividade e soluções próprias, integrando e relacionando técnicas, materiais e meios de expressão para criar, recriar ou reinventar. 
  • contactar com obras de outros (colegas, artistas), de modo a desenvolver a capacidade de observação, interpretação e reflexão, comunicando os seus sentimentos pessoais e visão crítica, de modo a compreender a possibilidade de múltiplas leituras.

O apoio do/a educador/a passa por um diálogo aberto e construtivo, que incentiva a criança a encontrar formas criativas de representar aquilo que pretende e promove simultaneamente o desejo de aperfeiçoar e melhorar.

Sendo estas estratégias comuns a toda a educação artística, e havendo diversas formas de articulação e complementaridade entre as diferentes linguagens artísticas, estas são apresentadas como subdomínios, que realçam as especificidades de cada uma. 


Subdomínio das Artes Visuais

As Artes Visuais são formas de expressão artística que incluem a pintura, o desenho, a escultura, a arquitetura, a gravura, a fotografia e outras, que, sendo fundamentalmente captadas pela visão, podem envolver outros sentidos. 

 

Importância de acesso a uma multiplicidade de materiais e instrumentos

As crianças têm prazer em explorar e utilizar diferentes materiais que lhes são disponibilizados para desenhar ou pintar, cabendo ao/a educador/a alargar as suas experiências, de modo a desenvolverem a imaginação e as possibilidades de criação. Assim, é importante que as crianças tenham acesso a uma multiplicidade de materiais e instrumentos (papel de diferentes dimensões e texturas; tintas de várias cores; diferentes tipos de lápis como pastel seco, carvão, etc.; barro, plasticina e outros materiais moldáveis;  etc.). 

 

Materiais de uso utilitário ou reutilizáveis

Pode ainda ser utilizado outro tipo de materiais de uso utilitário ou reutilizáveis (tecidos, cartão, objetos naturais, papéis diversos, latas, fios, embalagens, algodão, elementos da natureza, etc.), para serem integrados e redefinidos a partir de novas funcionalidades e significados, o que permite à criança começar a perceber que a arte e a vida são indissociáveis. A multiplicidade e diversidade de todos estes possíveis materiais exigem uma organização cuidada, que facilite o acesso e utilização autónoma por parte das crianças, incentivando o desenvolvimento da capacidade expressiva de cada criança e do grupo.

 

Dialogar sobre o que fazem e observam

Se nesta forma de expressão artística se coloca muitas vezes a ênfase no fazer, é fundamental que, para além de experimentar, executar e criar, as crianças tenham oportunidade de apreciar, e de dialogar sobre aquilo que fazem (as suas produções e as das outras crianças) e o que observam (natureza, obras de arte, arquitetura, design, artefactos, etc.). Cabe também ao/à educador/a explorar com as crianças essas diferentes imagens e levá-las, de modo progressivo, a descobrirem a importância e expressividade dos elementos formais da comunicação visual.

 

Exploração de elementos da comunicação visual

Os elementos expressivos da comunicação visual a explorar são muito diversificados, podendo integrar aspetos como: a cor (cores primárias e secundárias, mistura de cores), a textura (mole, rugosa), as formas geométricas (quadrado, retângulo, triângulo, círculo, etc.), as linhas (retas, curvas, verticais, horizontais), as tonalidades (claro, escuro), a figura humana (retrato, autorretrato) e a desproporção e a proporção natural.

 

Descrever, analisar e refletir sobre o que olha e vê

As explorações e o diálogo entre crianças e com o/a educador/a sobre estes elementos visuais e a sua representação em diferentes formas visuais constituem meios de desenvolver a sua expressividade e sentido crítico. Este diálogo desperta na criança o desejo de querer ver mais e de descobrir novos elementos, potenciando o estabelecimento de relações entre as suas vivências e novos conhecimentos, levando-a a descrever, analisar e refletir sobre o que olha e vê. Ao longo deste percurso visual que inter-relaciona o “falar sobre as imagens” e os “modos de ver as imagens”, a criança enriquece o seu imaginário, aprende novos saberes, integra-os no que já sabe, e experimenta criar novas imagens, desenvolvendo progressivamente a sua sensibilidade estética e expressividade através de diversas modalidades (desenho, pintura, colagens, técnica mista, assemblage, land art, modelagem, entre outras).
 
A capacidade de criar e apreciar é ainda alargada através do contacto e observação de diferentes modalidades das artes visuais (pintura, escultura, fotografia, cartaz, banda desenhada, filme, etc.) em diferentes contextos (museus, galerias, monumentos e outros centros de cultura), permitindo à criança a inserção na cultura do mundo a que pertence. A utilização dos recursos da comunidade e a rentabilização de outras possibilidades de deslocação serão complementadas através da utilização de catálogos, de livros, da internet, de fotografias, de gravações, etc.

É da responsabilidade do/a educador/a selecionar esses contextos, privilegiando artistas portugueses, diversificando estilos (figurativo, abstrato, etc.) para planear oportunidades de as crianças observarem, explorarem e criarem interesse por diferentes manifestações artísticas. Importa que, também no jardim de infância, haja imagens de obras de arte à disposição das crianças, que as poderão rever e utilizar para recriar as suas produções, dialogar em grupo sobre elas, partilhando as suas descobertas e interpretações, de modo a que sejam um meio de alargamento e enriquecimento cultural e de desenvolvimento da apreciação crítica. 
 

Aprendizagens a promover:

  • Desenvolver capacidades expressivas e criativas através de experimentações e produções plásticas.
  • Reconhecer e mobilizar elementos da comunicação visual, tanto na produção e apreciação das suas produções, como em imagens que observa.
  • Apreciar diferentes manifestações de artes visuais, a partir da observação de várias modalidades expressivas (pintura, desenho, escultura, fotografia, arquitetura, vídeo, etc.), expressando a sua opinião e leitura crítica.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança:

  • Tem prazer em explorar e utilizar, nas suas produções, modalidades diversificadas de expressão visual (pintura, desenho, colagens, modelagem, etc.), recorrendo a diferentes elementos da linguagem plástica (cores, linhas, manchas, formas). 
  • Representa e recria plasticamente vivências individuais, temas, histórias, pessoas, animais, etc., utilizando diferentes materiais (lápis de pastel, carvão, tintas, esponjas, matérias moldáveis, material reciclado, etc.) e diversos meios de expressão (pintura, colagem, desenho, moldagem, etc.). 
  • Introduz, nas suas produções plásticas, elementos visuais (cores, formas, texturas, etc.) de modo espontâneo ou intencional, para representar temáticas, ilustrar histórias, etc.
  • Dialoga sobre as diferentes imagens e/ou objetos que aprecia/contacta em diferentes contextos (museus, galerias, outras instituições culturais, natureza, livros online, etc.).
  • Emite opiniões sobre os seus trabalhos, os das outras crianças e sobre diferentes manifestações de artes visuais com que contacta, indicando algumas razões dessa apreciação.
  • ……

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Organiza o ambiente educativo de forma a promover a exploração e conhecimento das artes visuais:
    • Disponibiliza diversos materiais de elevada qualidade, organizados e acessíveis às crianças e promove situações que permitam a utilização de diferentes modalidades expressivas.
    • Organiza o tempo de modo flexível, permitindo que a criança desenvolva o processo expressivo ao seu ritmo, incluindo retomar o trabalho em diverso(s) momento(s), até que o considere terminado.
    • Seleciona criteriosamente obras de arte e locais a visitar, associados a diferentes manifestações das artes visuais, procurando ter na sala imagens dessas e de outras obras de arte, que permitam a sua exploração pelas crianças. 

Expõe os trabalhos das crianças, envolvendo-as na sua escolha e na definição de critérios estéticos da sua apresentação.

  • Dialoga com as crianças durante a realização dos seus trabalhos, procurando perceber as suas opções e ajudando-as e dando sugestões que as ajudem a concretizar e a melhorar o que pretendem fazer. 

Comenta com as crianças os seus trabalhos, envolvendo-as numa apreciação global do que foi realizado, realçando a mobilização de elementos de comunicação visual.

Proporciona a observação de diversas formas visuais, de diferentes culturas e tradições (natureza, obras de arte, arquitetura, design, artefactos, etc.) e o contacto com diversas modalidades expressivas (pintura, escultura, fotografia, cartaz, banda desenhada, etc.) em diferentes contextos físicos (museus, galerias, catálogos, monumentos, outros centros de cultura, etc.) e digitais (internet, gravações, etc.). 

  • Usa naturalmente termos ligados às artes visuais, promovendo a sua utilização por parte das crianças.
  • Promove a articulação de saberes das artes visuais com as diferentes áreas ou domínios, como, por exemplo, através da exploração de elementos da comunicação visual (formas geométricas, linhas, figura humana, etc.).

 

Subdomínio do Jogo Dramático/Teatro

Neste subdomínio são abordadas formas expressão e comunicação em que através do gesto, da palavra, do movimento do corpo, da expressão facial e da mobilização de objetos, a criança representa situações reais ou imaginárias que são significativas para ela.

Partindo da capacidade de representação simbólica, própria do ser humano e espontânea na criança, este subdomínio da educação artística incide no desenvolvimento da expressão dramática das crianças, de forma a permitir-lhes, com o apoio do educador, envolver-se em situações intencionais de representação dramática, apropriando-se progressivamente dos elementos da linguagem teatral e tendo a oportunidade de fruir de manifestações desta modalidade artística.

Distinguindo o jogo dramático da iniciativa da criança, do teatro enquanto ação intencional, considera-se que apresentam algumas características comuns: exploração de situações reais ou imaginárias; o que se está a representar ser a “realidade” no momento; assumirem papéis, construírem personagens e o enredo de uma situação ficcional. Estas características permitem estabelecer uma progressão e continuidade entre o jogo dramático e o teatro.

A utilização do termo “teatro” não se refere a uma reprodução ou a uma imitação dos espetáculos profissionais, o que não é adequado nem faz sentido para crianças desta faixa etária, mas a uma ação de representação intencional, em que as crianças têm interesse e prazer, e em que participam e cooperam na (re)invenção de soluções para a criação de novas possibilidades de representação.

 

Jogo simbólico

O jogo simbólico é uma atividade espontânea da criança, que se inicia muito cedo, e em que, através do seu corpo, esta recria experiências da vida quotidiana, situações imaginárias e utiliza livremente objetos, atribuindo-lhes múltiplos significados. 

 

Jogo dramático

O jogo dramático ou brincar ao “faz de conta” é uma forma de jogo simbólico em que a criança assume um papel de outras pessoas, animais ou máquinas ou o vive através de um objeto (boneco, marioneta) para representar situações “reais” ou imaginárias, e exprimir as suas ideias e sentimentos. Este jogo pode ser individual, mas também envolver outras crianças, em situações sociais de representação de diferentes papéis e de desenvolvimento conjunto de uma ação, criando um “enredo” ou narrativa, que vai sendo livremente interpretado e construído pelos intervenientes. Esta forma de jogo é frequente nas crianças em idade do jardim de infância e desempenha um papel importante no desenvolvimento emocional e social, na descoberta de si e do mundo, no alargamento de formas de comunicação verbal e não verbal, na expressão de emoções (medo, surpresa, alegria, tristeza) e como meio de reequilibrar os conflitos interiores da criança.

A interação com outra ou outras crianças, em jogo dramático, permite desenvolver a criatividade e a capacidade de representação, quando os diferentes parceiros recriam situações sociais, tomam consciência das suas reações e do seu poder sobre a realidade, revelando como a constroem e entendem.

 

Apoio do/a educador/a ao jogo dramático

O apoio do/a educador/a ao jogo dramático da iniciativa da criança permite ampliar as suas propostas, de modo a criar novas situações de comunicação, através de uma melhor caracterização dos papéis que está a desempenhar, das ações a desenvolver, permitindo alargar o tempo de envolvimento da criança e a sua expressão verbal. Dialogar com as crianças sobre qual o material necessário, como o adaptar e transformar e o que acrescentar, para corresponder aos seus interesses, são ainda meios de enriquecer as situações de jogo dramático. O/A educador/a deverá estar atento à representação de estereótipos culturais (étnicos, de género, etc.), debatendo posteriormente com as crianças o sentido desses comportamentos e possibilidades de solução, tendo em conta a igualdade de direitos.

 

Dramatização enquanto Representação intencional de experiências da vida quotidiana ou situações imaginárias

Para além do apoio às iniciativas das crianças, o/a educador/a cria oportunidades que lhes permitam representar, à sua maneira experiências da vida quotidiana ou situações imaginárias. O recurso a diversas formas de expressão e comunicação progressivamente mais complexas, permite uma continuidade e inter-relação entre o jogo dramático de iniciativa da criança e formas de representação intencionais propostas pelo/a educador/a ou pelas crianças.

A disponibilização de objetos (fantoches de dedo, de luva ou marionetas de vara, etc.) que facilitem a expressão e a comunicação, através de "um outro", são também um suporte fundamental para atividades de jogo dramático da iniciativa da criança. Podem ainda utilizar-se outros recursos, tais como o teatro de sombras (projetar o corpo, as mãos ou silhuetas), teatro de papel (cartões ou rolos com ilustrações como suporte para contar histórias), teatro de objetos (utilização de objetos da vida corrente, com um simbolismo diferente da sua função).

Estes suportes e técnicas, que as crianças poderão utilizar em jogos dramáticos da sua iniciativa, podem de igual modo ser usados para criação conjunta com o apoio do educador de pequenos diálogos, histórias, etc., que, eventualmente, são escritos para serem retomados e aperfeiçoados.

 

Dramatização Representação de histórias e de acontecimentos da vida quotidiana

Decorre, ainda, da intervenção do/a educador/a, o apoio às propostas das crianças que permitem a realização de uma representação dramática mais complexa, que implica um encadeamento de ações e o seguimento de uma estrutura narrativa com um fio condutor, em que são recriadas personagens. Nestas situações (representação de histórias conhecidas ou inventadas, recriação de situações e acontecimentos da vida quotidiana) as crianças têm oportunidade de escolher e desempenhar diferentes papéis.

 

Projetos de teatro

Estas situações de representação dramática podem dar lugar a projetos mais complexos, em que as crianças e o/a educador/a participam no planeamento de todo o processo: criação e recriação de histórias e diálogos, registados de diferentes modos pelo/a educador/a e pelas crianças (através de desenhos ou símbolos). A previsão de espaços, adereços, cenários e o recurso a outras linguagens artísticas (dança, música, etc.), podem ainda ampliar estes projetos em que são distribuídas tarefas entre as crianças, que depois realizam ou “representam” o que planearam e em que experienciam os processos do teatro e se apropriam da linguagem teatral. O grupo pode decidir se este “teatro” se destina a outros espectadores (crianças da sala, crianças de outras salas, pais/famílias, etc.) e onde poderá ser realizado. Este interesse e participação das crianças na criação e condução de todo o processo distingue esta forma de teatro da produção de “espetáculos” em que a criança é mero executante e que não tem sentido nestas idades.

Estes saberes que a criança vai construindo através das suas experimentações dramáticas são aprofundados através do contacto com práticas teatrais de diferentes estilos, géneros e origens culturais (espetáculos, performances, teatro de fantoches, etc.) em contextos diversificados (auditórios, sala de espetáculos, rua, etc.) e com recurso a vários suportes (bibliográfico, audiovisual, multimédia, digital, etc.), que possibilita às crianças tomarem consciência que o teatro é uma arte integradora de outras linguagens artísticas e de diferentes meios técnicos (música, artes visuais, multimédia, luz, etc.). 

A observação de diferentes manifestações teatrais contribui para a apreciação da arte dramática ou teatro e para o desenvolvimento da sensibilidade estética das crianças. Proporciona ainda um diálogo no grupo, que permite explorar a especificidade dos meios e linguagens do teatro e de confrontar diferentes interpretações e apreciações, facilitando a emergência de uma opinião crítica. 


Aprendizagens a promover:

  • Utilizar e recriar o espaço e os objetos, atribuindo-lhes significados múltiplos em atividades de jogo dramático, situações imaginárias e de recriação de experiências do quotidiano, individualmente e com outros. 
  • Inventar e representar personagens e situações, por iniciativa própria e/ou a partir de diferentes propostas, diversificando as formas de concretização. 
  • Apreciar espetáculos teatrais e outras práticas performativas de diferentes estilos e características, verbalizando a sua opinião e leitura crítica.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança:

  • Se envolve em situações de jogo dramático cada vez mais complexas (caracterização de papéis, desenrolar da ação, interações verbais e não verbais, tempo de duração).
  • Expõe, discute ideias e propõe soluções para desafios criativos, em jogos dramáticos e representações dramáticas.
  • Recria e inventa histórias e diálogos e prevê a sua representação escolhendo espaços, adereços e explorando recursos diversificados (luzes, cenário, música, etc.).
  • Se interessa pelo teatro e comenta os espetáculos a que assiste, utilizando progressivamente conceitos e vocabulário da linguagem teatral (espaço cénico, personagem, enredo, cenário, etc.), nomeando diferentes funções convencionais do processo de criação teatral (autor do texto, encenador, ator/atriz, etc.).

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Proporciona espaços, materiais e adereços diversos que estimulam a representação de diferentes situações e papéis sociais (familiares, escolares, da comunidade). 
  • Estimula a progressiva elaboração do jogo dramático e debate os estereótipos culturais quando observa a sua manifestação.
  • Propicia o desenrolar do jogo dramático, para além do espaço da sala em que este se desenvolve habitualmente, e prevê com as crianças outros espaços em que este se poderá desenrolar (na rua, no ginásio, etc.). 
  • Envolve a criança no desenvolvimento de projetos de representação dramática: conceção (guião), planeamento (previsão de materiais e recursos necessários, inventariação e distribuição de tarefas…), execução do projeto e sua avaliação.
  • Promove o contacto, apreciação e reflexão sobre práticas teatrais de diferentes estilos, géneros e origens culturais.

 

Subdomínio da Música

A música está presente na vida das crianças desde muito cedo e todas já tiveram oportunidades de contactar com diferentes formas musicais. A abordagem à Música no jardim de infância dá continuidade às emoções e afetos vividos nestas experiências, contribuindo para o prazer e bem-estar da criança. Esta abordagem integra-se nas vivências e rotinas da sala, valoriza os interesses e as propostas das crianças, no desenvolvimento de uma prática do ouvir, do “fazer” música e do experimentar e criar música e ambientes sonoros. Pressupõe, assim, uma prática sistemática e contínua, com uma intenção específica, direcionada para um desenvolvimento progressivo das competências musicais da criança e o alargamento do seu quadro de referências artísticas e culturais. 

 

Interligação de audição, interpretação e criação

O subdomínio da Música contempla a interligação de audição, interpretação e criação. Assim, por exemplo, a interpretação de uma canção obriga a uma identificação e descrição de elementos musicais (audição), à reprodução de motivos e frases musicais (interpretação) e, simultaneamente, a escolhas de intencionalidades expressivas (criação). 

Faz parte da educação musical saber fazer silêncio para escutar, bem como identificar e reproduzir os sons e ruídos da natureza (água a correr, vento, "vozes" dos animais, etc.) e da vida corrente (tiquetaque do relógio, campainha do telefone, motor do automóvel, etc.). 

 

Explorar as características dos sons

O silêncio é também importante, como condição da verdadeira escuta, que possibilita identificar, memorizar  reproduzir e explorar as características dos sons: ritmo, melodia, dinâmica, timbre e forma. Quanto maior for a diversidade dos sons de que as crianças se apropriam, maior será o seu “reportório sonoro” e mais rica a sua imaginação. 

 

Ouvir música de diferentes géneros musicais

Para além dos vários sons e ruídos da natureza e da vida corrente que deverão ser explorados com as crianças, também pelo conhecimento do mundo que proporcionam, é importante que oiçam música de géneros musicais diferentes, sendo a qualidade uma exigência fundamental. Estas audições musicais também podem e devem ser utilizadas como momentos para a vivência corporal da música. A expressão corporal livre, a partir de estímulos musicais diversificados, constitui uma experiência única: a partir do “ouvir” a criança “faz”, criando e interpretando. Acresce que “ouvir” em movimento é absolutamente natural em crianças pequenas e contrariar a sua “corporalidade” espontânea é limitar o seu desenvolvimento musical, uma vez que o desenvolvimento do sentido rítmico, incluindo a audição interior, pressupõe a vivência do corpo em movimento e a experiência muscular, estabelecendo uma íntima ligação entre a música e a dança.

Trabalhar as letras das canções relaciona a Música com o desenvolvimento da linguagem, o que passa por compreender o sentido do que se diz, tirar partido das rimas para discriminar os sons, explorar o carácter lúdico das palavras e criar variações da letra original. Também a linguagem oral, utilizada de forma expressiva e ritmada, pode ser considerada uma forma de desenvolvimento musical.

 

Utilização de diversos tipos de instrumentos

O processo de criação e interpretação musical pode recorrer a instrumentos de percussão simples construídos pelas crianças, relacionando-se com as artes visuais. O/A educador/a poderá em conjunto com as crianças encontrar uma notação não convencional para ler e expressar ideias musicais (sequências de intensidade, sequências de sons curtos e longos, etc.). As crianças podem também utilizar instrumentos musicais mais complexos e com outras possibilidades sonoras (triângulos, pandeiretas, caixas chinesas, guizeiras, tamborins, sinos, xilofones, etc.). 

O conhecimento de outros instrumentos musicais pode ainda ser proporcionado pelo/a educador/a através do contacto com diferentes recursos (espetáculos musicais, intérpretes, criadores, bandas musicais, etc.). A utilização de meios tecnológicos que permitem registar e reproduzir vários tipos de sons e músicas poderá ser um suporte importante na abordagem ao subdomínio da Música.

 

Contacto com diferentes formas e estilos musicais

O contacto das crianças com diferentes formas e estilos musicais de várias épocas e culturas permite-lhes alargar a cultura musical, o gosto pela música e apropriar-se de saberes relativos à música (nome dos instrumentos, o que é uma orquestra, etc.). Este contacto é ainda um meio de expressarem o que sentem, não só através do corpo, mas verbalizando ou utilizando diferentes modalidades das artes visuais, bem como de desenvolverem a sensibilidade estética.


Aprendizagens a promover:

  • Identificar e descrever os sons que ouve (fenómenos sonoros/música) quanto às suas características rítmicas, melódicas, dinâmicas, tímbricas e formais.
  • Interpretar com intencionalidade expressiva-musical: cantos rítmicos (com ou sem palavras), jogos prosódicos (trava-línguas, provérbios, lengalengas, adivinhas, etc.) e canções (de diferentes tonalidades, modos, métricas, formas, géneros e estilos).
  • Elaborar improvisações musicais tendo em conta diferentes estímulos e intenções utilizando diversos recursos sonoros (voz, timbres corporais, instrumentos convencionais e não-convencionais).
  • Valorizar a música como fator de identidade social e cultural.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Inventa ambientes sonoros a partir de rimas, canções, e sequências de movimento, selecionando e organizando fontes sonoras diversificadas (corpo, voz, objetos sonoros e instrumentos de percussão).
  • Identifica auditivamente sons vocais e corporais, sons do meio ambiente próximo (isolados e simultâneos), sons da natureza e sons instrumentais.
  • Canta canções com controlo progressivo da melodia, da estrutura rítmica (pulsação e acentuação) e da respiração.
  • Distingue auditivamente um repertório diversificado de canções conhecidas e de música gravada de diferentes géneros, estilos e culturas. 
  • Comenta a música que ouve ou que interpreta manifestando as suas opiniões e utilizando vocabulário próprio da música.
  • Utiliza grafismos não convencionais para identificar e registar sequências de intensidade, movimentos sonoros e sequências de sons curtos e longos.  
  • … 

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Organiza o ambiente educativo de forma a promover conhecimentos e a exploração da Música:
    • Coloca à disposição das crianças instrumentos musicais convencionais e não-convencionais.
    • Disponibiliza diferentes fontes sonoras que possam ser exploradas por iniciativa da criança.
    • Organiza o espaço e as rotinas de modo a criar oportunidades para a criança brincar com sons, materiais, instrumentos, etc.
  • Cria ocasiões de exploração das características dos sons convencionais e não convencionais (objetos sonoros, instrumentos musicais, etc.).
  • Proporciona situações de escuta orientada de diversos sons (sons vocais e corporais, da natureza, do meio ambiente, de instrumentos musicais, etc.), ao vivo ou gravados.
  • Explora com as crianças jogos rítmicos, com ou sem palavras, e jogos prosódicos (trava-línguas, provérbios, lengalengas, adivinhas, etc.).
  • Proporciona o contacto e apoia a exploração de canções de diferentes tonalidades, modos, métricas, formas, géneros e estilos.
  • Promove o conhecimento de manifestações musicais ligadas às tradições e culturas locais (fado, cantares alentejanos, etc.).
  • Facilita a experimentação musical a partir de diversos estímulos e/ou intenções, (recriar o ambiente sonoro do recreio, de um dia de chuva, os sons de um planeta desconhecido).
  • Incentiva e apoia a elaboração de improvisações promovendo a criatividade musical das crianças. 
  • Promove o contacto com manifestações musicais de diferentes estilos, géneros e origens culturais e encoraja os comentários das crianças introduzindo vocabulário próprio (intérprete, nome dos diferentes instrumentos, etc.). 

 

Subdomínio da Dança
 

Criar ou aprender formas de movimento expressivo

A dança, como forma de expressão através de movimentos e ritmos produzidos pelo corpo, está intimamente ligada ao teatro, à música e à educação física. Através da dança, as crianças exprimem o modo como sentem a música, criam formas de movimento ou aprendem a movimentar-se expressivamente, respondendo a diversos estímulos (palmas, sons, imagens, palavras). A dança favorece o desenvolvimento motor, pessoal e emocional, bem como o trabalho em grupo que se organiza com uma finalidade comum.

A partir de temas reais ou imaginados, a experiência de movimentos dançados e a sua elaboração individual e/ou em grupo promovem, não só o desenvolvimento da criatividade, como também a aprendizagem cooperada, a partilha, o respeito pelas ideias, o espaço e o tempo do outro, e ainda, a consciência de pertença ao grupo.

 

Contacto e observação de diferentes manifestações coreográficas

O contacto e a observação de diferentes manifestações coreográficas contribuem para o desenvolvimento progressivo da criatividade, possibilitando ainda a fruição e compreensão da linguagem específica da dança. Esta linguagem permitirá à criança descrever e comentar movimentos relacionados com experiências diárias, recorrendo a um vocabulário específico. Facilita também a compreensão e aceitação de regras a seguir, tanto no papel de intérprete/executante, como no de observador/público, nomeadamente, a atenção, escuta e respeito pelo outro. 

Neste contexto, cabe ao/à educador/a proporcionar, de forma sistemática, progressiva e gradual, experiências, tanto ao nível de desempenho, como da observação, apreciação e interpretação de movimentos dançados. 
 

Aprendizagens a promover:

  • Desenvolver o sentido rítmico e de relação do corpo com o espaço e com os outros.
  • Expressar, através da dança, sentimentos e emoções em diferentes situações.
  • Refletir sobre os movimentos rítmicos e as coreografias que experimenta e/ou observa.
  • Apreciar diferentes manifestações coreográficas usando linguagem específica e adequada. 

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Tem prazer em expressar-se de forma rítmica através do corpo.
  • Realiza movimentos locomotores e não locomotores básicos, de forma coordenada, utilizando o corpo no espaço, no tempo e com diferentes dinâmicas.
  • Cria e recria movimentos a partir de temáticas e personagens (objetos, animais, situações da vida real, etc.).
  • Interpreta pequenas sequências de movimento dançado, de forma coordenada e apropriada à temática.
  • Aprecia peças de dança do património artístico, observadas através de meios audiovisuais ou em espetáculos ao vivo, expressando a sua opinião sobre o processo de criação e da apresentação coreográfica, utilizando vocabulário específico (baile, ensaio, espetáculo, palco, público, coreógrafo/a, coreografia, bailarino/a, etc.).
  • Comenta os movimentos dançados que realiza e/ou observa, dando a sua opinião sobre os processos de execução e explicitando a sua interpretação.
  • ...

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Proporciona atividades lúdicas de experimentação de vários movimentos locomotores básicos (andar, saltar, saltitar, correr, gatinhar, deslizar, rastejar, rodopiar, deitar-se, sentar-se, ajoelhar-se, levantar-se, entre outros) e não locomotores (encolher, alongar, puxar, empurrar, tremer, torcer, inclinar, balancear, entre outros), diversificando:

Direções; 
Trajetórias (retilíneas e curvilíneas); 
Níveis de execução (baixo - junto ao chão, médio - ao nível do andar, alto -com saltos);
Planos (horizontal e vertical);
Tempo/ Ritmo (marcha, corrida, etc.);
Aceleração e desaceleração; 
Duração; 
Pausas; 
 - Relações/Contactos - (em oposição a; em colaboração com; ativo/condutor ou passivo/seguidor).
Promove a exploração/experimentação de diversas formas de dança através de ações motoras básicas, de modo coordenado, com diversas relações espaciais e com ritmos diversificados através de:
Deslocamentos (andar, marchar em pontas dos pés, etc.);
Passos diversos (subir, descer, bater);
Gestos (movimentos isolados da cabeça, tronco ou membros); 
Posturas;
Equilíbrios sobre pontos de apoio diversificados (sobre os joelhos, as mãos, as costas, um pé, etc.); 
Saltos diversos; 
Voltas (rodar, rodopiar, rebolar, etc.). 

  • Proporciona a observação de diversas formas de dança, em diferentes contextos, suportes e formatos (teatros, auditórios, museus, televisão, cinema, internet, etc.) e encoraja os comentários das crianças, introduzindo vocabulário próprio.
  • Cria oportunidades para as crianças expressarem, através da dança, sentimentos e emoções a partir de situações da vida real, imaginadas ou sugeridas, histórias, canções, imagens, etc.
  • … 

 

Subdomínios Aprendizagens a Promover
Artes Visuais
  • Desenvolver capacidades expressivas e criativas através de experimentações e produções plásticas.
  • Reconhecer e mobilizar elementos da comunicação visual, tanto na produção e apreciação das suas produções, como em imagens que observa.
  • Apreciar diferentes manifestações de artes visuais, a partir da observação de várias modalidades expressivas (pintura, desenho, escultura, fotografia, arquitetura vídeo, etc.), expressando a sua opinião e leitura crítica.
Jogo Dramático/Teatro
  • Utilizar e recriar o espaço e os objetos, atribuindo-lhes significados múltiplos em atividades de jogo dramático, situações imaginárias e de recriação de experiências do quotidiano, individualmente e com outros. 
  • Inventar e representar personagens e situações , por iniciativa própria e/ou a partir de diferentes propostas, diversificando as formas de concretização. 
  • Apreciar espetáculos teatrais e outras práticas performativas de diferentes estilos e características, verbalizando a sua opinião e leitura crítica.
Música
  • Identificar e descrever os sons que ouve (fenómenos sonoros/música) quanto às suas características rítmicas, melódicas, dinâmicas, tímbricas e formais.
  • Interpretar com intencionalidade expressiva-musical: cantos rítmicos (com ou sem palavras), jogos prosódicos (trava-línguas, provérbios, lengalengas, adivinhas, etc.) e canções (de diferentes tonalidades, modos, métricas, formas, géneros e estilos).
  • Elaborar improvisações musicais tendo em conta diferentes estímulos e intenções utilizando diversos recursos sonoros (voz, timbres corporais, instrumentos convencionais e não-convencionais).
  • Valorizar a música como fator de identidade social e cultural.
Dança
  • Desenvolver o sentido rítmico e de relação do corpo com o espaço e com os outros.
  • Expressar, através da dança, sentimentos e emoções em diferentes situações.
  • Refletir sobre os movimentos rítmicos e as coreografias que experimenta e/ou observa.
  • Apreciar diferentes manifestações coreográficas, usando linguagem 

 

Sugestões de reflexão:

  • Tem na sala, ao dispor das crianças, materiais que possibilitem experiências nas diferentes linguagens das artes? Como organiza o espaço e os materiais para proporcionar experiências e oportunidades de aprendizagem nas diferentes linguagens artísticas?
  • De que forma promove o envolvimento e a exploração lúdica no processo expressivo da criança?  
  • Procura dar espaço à criatividade da criança, incentivando-a a observar diferentes manifestações artísticas, sem transmitir estereótipos?
  • Dá oportunidade às crianças de apreciarem o que fizeram e de falarem sobre o que sentiram? 
  • Debate com as crianças formas de expor ou divulgar as suas realizações e as do grupo, chamando a sua atenção para aspetos estéticos?
  • Preocupa-se em fazer o enquadramento cultural e artístico das suas propostas ou das que surgem no grupo de crianças?
  • Como promove a integração das diferentes manifestações artísticas? E a sua articulação com outras áreas de conteúdo e outros domínios?
  • Antes e após uma ida ao teatro, ao museu, a espetáculos diversos, como trabalha com o grupo essas oportunidades (debate, expressão de opinião crítica, alargamento da linguagem específica, etc.)?
  • Tem na sala materiais diversos para que as crianças conheçam, observem e explorem diferentes manifestações artísticas (livros, imagens, filmes, etc.)? O que pode acrescentar? 

 

Domínio da Linguagem Oral e Abordagem à Escrita

A aprendizagem da linguagem oral e escrita deve ser concebida como um processo de apropriação contínuo que se começa a desenvolver muito precocemente e não somente quando existe o ensino formal.

As competências comunicativas vão-se estruturando em função dos contactos, interações e experiências vivenciadas nos diversos contextos de vida da criança. Estas competências são transversais e essenciais à construção do conhecimento nas diferentes áreas e domínios, já que são ferramentas essenciais para a troca, compreensão e apropriação da informação. Por outro lado, esta transversalidade leva também a que todas as áreas contribuam igualmente para a aquisição e o desenvolvimento da linguagem.

A referência conjunta à abordagem da linguagem oral e escrita pretende não só acentuar a sua inter-relação como também a sua complementaridade, enquanto instrumentos fundamentais de desenvolvimento e de aprendizagem. Contudo, de modo a contemplar a especificidade de cada uma destas formas de linguagem, elas serão apresentadas em separado.
 

Linguagem oral 

 

Aprendizagem do Português como Língua Não Materna

O desenvolvimento da linguagem oral tem uma importância fundamental na educação pré-escolar. Sabe-se que a linguagem oral é central na comunicação com os outros, na aprendizagem e na exploração e desenvolvimento do pensamento, permitindo avanços cognitivos importantes. Não se pode, no entanto, esquecer que o português não é a língua materna de todas as crianças que frequentam a educação pré-escolar. O respeito pelas línguas e culturas das crianças, além de ser uma forma de educação intercultural, leva a que as crianças se sintam valorizadas e interajam com segurança com os outros. Se a aprendizagem da língua portuguesa se torna essencial para terem sucesso na aprendizagem, a partilha da sua própria língua e cultura não só reforça a autoestima e identidade da criança, como enriquece a sensibilidade intercultural do grupo.

Qualquer que seja o domínio do português oral com que as crianças chegam à educação pré-escolar, as suas capacidades de compreensão e produção linguística deverão ser progressivamente alargadas, através das interações com o/a educador/a, com as outras crianças e com outros adultos. 

 

Sensibilização a uma língua estrangeira

Nestas idades, a aprendizagem de uma segunda língua ocorre de uma forma relativamente espontânea, desde que sejam assegurados às crianças contextos comunicacionais adequados. Tendo em conta a facilidade de aprendizagem de uma segunda língua, a sensibilização a uma língua estrangeira poderá ser incluída na educação pré-escolar. Esta sensibilização deverá ser situada no contexto específico em que a criança se encontra, partindo das propostas, interesses e preferências das crianças e adotando uma abordagem lúdica e informal. Tendo em conta os princípios e as metodologias expressos nestas orientações curriculares, a referida sensibilização integra-se de forma natural nas rotinas do quotidiano do jardim de infância e articula-se com as diferentes áreas e domínios. De facto, esta sensibilização a uma língua estrangeira permite desenvolver um sentido mais amplo de pertença e cidadania e, até, de oportunidades enquanto membros de uma Europa que se deseja multilingue. Os contactos com crianças de outros países, através do conhecimento direto ou por correspondência, permitem à criança reconhecer as vantagens de saber falar e compreender outras línguas.

 

Criar um clima de comunicação

Um maior domínio da linguagem oral é um objetivo fundamental da educação pré-escolar, cabendo ao/à educador/a criar as condições para que as crianças aprendam. Entre estas, salienta-se a necessidade de criar um clima de comunicação em que a linguagem do/a educador/a, ou seja, a maneira como fala e se exprime, constitua um modelo para a interação e a aprendizagem das crianças. As reformulações e questionamento por parte do/a educador/a podem dar um importante contributo para a expansão do vocabulário e o domínio de frases mais complexas.

 

Escutar e valorizar o contributo de cada criança

A capacidade de o/a educador/a escutar cada criança, de valorizar a sua contribuição para o grupo, de comunicar com cada uma e com o grupo, de modo a dar espaço a que cada uma fale, e a fomentar o diálogo, facilita a expressão das crianças e o seu desejo de comunicar.

Este conhecimento das crianças mobilizado na utilização de muitas palavras, na construção de um vocabulário alargado, na compreensão de questões, ordens, mensagens, conversas, etc., centra-se essencialmente no significado da mensagem oral, e constrói-se, muitas vezes, de forma natural. Quando as crianças apresentam algum domínio dos aspetos associados à comunicação, vão também, paralelamente, começando a desenvolver uma outra vertente, relacionada com a tomada de consciência sobre a forma como a língua se estrutura e organiza, ou seja, a tomar consciência dos seus aspetos formais (consciência linguística). Começam assim a tomar a língua como objeto de reflexão, apercebendo-se gradualmente dos vários elementos que a constituem, das suas relações, de convenções a eles associados, de regularidades e /ou irregularidades e das suas especificidades. 

O desenvolvimento da linguagem é complexo, devido à multiplicidade de aspetos e fatores que estão envolvidos. Contudo, podemos considerar que existem duas grandes componentes na aquisição da linguagem, que, embora com características e especificidades subjacentes a cada uma, se inter-relacionam: 

  • Comunicação oral; 
  • Consciência linguística.


Comunicação oral

É no clima de comunicação criado pelo/a educador/a que a criança irá dominando a linguagem, alargando o seu vocabulário, construindo frases mais corretas e complexas, adquirindo um maior domínio da expressão e da comunicação que lhe permitam formas mais elaboradas de representação. O quotidiano da educação pré-escolar permitirá, por exemplo, que as crianças vão utilizando adequadamente frases simples de diversas formas (afirmativa e negativa) e tipos (interrogativa, exclamativa, etc.), bem como as concordâncias de género, número, tempo, pessoa e lugar. 

A comunicação das crianças com outros adultos da instituição e da comunidade, no jardim de infância ou no exterior, são um outro meio de alargar as situações de comunicação que levam a criança a apropriar-se progressivamente das diferentes funções da linguagem e a adequar a sua comunicação a situações diversas.

 

Sentir-se escutado e ter interesse em comunicar

O desenvolvimento da linguagem oral depende do interesse em comunicar, o que implica saber-se escutado e supõe também ter coisas interessantes para dizer. Neste sentido, importa ter cuidado, sobretudo nas situações de grande grupo, com as crianças que têm mais dificuldade em exprimir-se ou que habitualmente não participam. Não se pode pretender que a comunicação seja, apenas, alimentada pelas experiências fora do jardim de infância, sendo necessário que o contexto de educação pré-escolar forneça ocasiões que motivem o diálogo e a partilha entre as crianças, a partir das vivências comuns.

Cabe ao/a educador/a alargar intencionalmente as situações de comunicação, em diferentes contextos, com diversos interlocutores, conteúdos e intenções, que permitam às crianças dominar progressivamente a comunicação como emissores e como recetores.

Esta vertente discursiva da linguagem oral é uma competência central nesta faixa etária devido à sua transversalidade, não só para o desenvolvimento de competências sociais, mas para as trocas e apropriação de informação necessárias às aprendizagens em outras áreas do saber.

Não se pode ainda esquecer a comunicação não verbal que, podendo ser explorada especificamente em outros contextos (mímicas, jogo dramático, projeto de teatro), constitui um suporte importante da comunicação oral.


Aprendizagens a promover:

  • Compreender mensagens orais em situações diversas de comunicação. 
  • Usar a linguagem oral em contexto, conseguindo comunicar eficazmente de modo adequado à situação (produção e funcionalidade). 

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Faz perguntas sobre novas palavras e usa novo vocabulário.
  • Ouve os outros e responde adequadamente, apresentando as suas ideias e saberes, tanto em situações de comunicação individual como em grupo.
  • Elabora frases completas aumentando gradualmente a sua complexidade.
  • Canta, reproduzindo de forma cada vez mais correta as letras das canções.
  • Relata acontecimentos, mostrando progressão não só na clareza do discurso como no respeito pela sequência dos acontecimentos.
  • Constrói frases com uma estrutura cada vez mais complexa (coordenadas, subordinadas, afirmativas, negativas). 
  • Usa naturalmente a linguagem com diferentes propósitos e funções (contar histórias ou acontecimentos, fazer pedidos, dar ou pedir informação, apresentar ou debater ideias, etc.).

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Disponibiliza material que promove o desenvolvimento da linguagem em diferentes espaços da sala (histórias em formatos diversos, fantoches, gravador e/ou leitor de CDs, jogos, computador).
  • Faz pedidos e dá instruções cada vez mais complexas e elaboradas.
  • Proporciona jogos que promovem o desenvolvimento da linguagem (identificação de sons, vocabulário, mensagens).
  • Usa vocabulário rico e questiona as crianças levando-as a estabelecer relações entre o seu conhecimento presente e novas palavras (motosserra, astronauta, etc.). 
  • Conta histórias, promove conversas sobre as mesmas, cria oportunidades para as crianças contarem ou criarem as suas próprias histórias.
  • Promove, no quotidiano, oportunidades de comunicação criança-adulto e criança-criança, tanto em momentos informais como mais estruturados (refeições, recreios, atividades na sala, comunicação em grande ou pequeno grupo). 
  • Incentiva cada criança a expor as suas ideias e experiências, dando-lhe suporte para o fazer de modo cada vez mais elaborado, considerando as especificidades de cada uma (crianças com dificuldades de linguagem ou cuja língua materna não é o português, etc.).
  • Facilita o contacto com outras línguas e apoia as crianças na identificação de algumas das suas especificidades (sonoridade, significado de algumas palavras, semelhanças ou diferenças, etc.). 
  • Utiliza e promove o uso de linguagem ajustada a funções específicas (formulações de uma pergunta, de uma narrativa, de um poema, de uma ordem). 

 

Consciência linguística

As crianças envolvem-se frequentemente em situações que implicam uma exploração lúdica da linguagem, demonstrando prazer em lidar com as palavras, inventar sons, e descobrir as suas relações. As rimas, as lengalengas, os trava-línguas e as adivinhas são aspetos da tradição cultural portuguesa que estão frequentemente presentes nas salas e no dia a dia das crianças e são meios de trabalhar a consciência linguística, em contextos de educação de infância. 

A poesia, como forma literária, constitui também um meio de descoberta e de tomada de consciência da língua, para além de outros contributos como, por exemplo, a sensibilização estética. 

Estas e outras formas de exploração de sons e de palavras levam a que as crianças se comecem a aperceber que a língua é não só um meio de comunicação, mas também um objeto de reflexão, promovendo uma tomada de consciência cada vez mais complexa e estruturada sobre a forma como é constituída, e como se organizam os seus elementos. Estes processos levam a criança a níveis de análise diferenciados que podem passar pela estrutura das frases, pela consciência das palavras enquanto unidades arbitrárias e enquanto elementos que as constituem, chegando a segmentos sonoros menores, como as sílabas ou mesmo os fonemas.

Podem considerar-se, na educação pré-escolar, três dimensões, na consciência linguística, mesmo que em estado emergente: consciência fonológica, consciência da palavra, consciência sintática.

 

Consciência fonológica

A consciência fonológica refere-se à capacidade para identificar e manipular elementos sonoros de tamanhos diferenciados, que integram as palavras (sílabas, unidades intrassilábicas e fonemas). Esta consciência vai-se desenvolvendo, permitindo à criança uma capacidade crescente para a manipulação (identificação, síntese, análise, supressão) de elementos fonológicos cada vez mais pequenos. Conhecendo esta evolução, os/as educadores/as poderão ir fazendo propostas que impliquem diferentes processos e níveis de análise, progressivamente mais exigentes, de modo a facilitar estas aprendizagens. A consciência fonológica está também relacionada com a aprendizagem da leitura, podendo considerar-se que esta relação é recíproca e interativa, pois tanto a capacidade de análise do oral é importante para o processo de codificação da escrita, como este processo promove o desenvolvimento de níveis de análise fonológica cada vez mais elaborados.

Normalmente, as crianças em idade pré-escolar conseguem identificar e manipular as sílabas com alguma facilidade. Contudo, processos de identificação, análise ou manipulação de fonemas, por não serem unidades percetivamente salientes, são mais difíceis e tardios, atingindo maior desenvolvimento em idade escolar, pois estão muito associados à aprendizagem da leitura.

 

Consciência de palavra

A consciência de palavra refere-se à capacidade de compreensão da palavra enquanto elemento constitutivo de uma frase. Esta tomada de consciência verifica-se quando, por exemplo, a criança isola e identifica quantas palavras constituem uma frase ou compreende que a palavra é diferente do seu referente (trata-se de um rótulo fónico convencional), ou ainda, quando, numa frase, substitui uma palavra por outra. Em fases iniciais, as crianças só identificam como palavras as que têm significado para elas (nomes, verbos), só posteriormente consideram os outros tipos (artigos, preposições). Inicialmente também não conseguem diferenciar a palavra do seu significado, ou do objeto a que se refere. Por exemplo, uma palavra grande pode ser ‘comboio’ e uma pequena ‘formiga’ ou ‘formiguinha’. Só após alguma oportunidade de reflexão, é que as crianças se começam a aperceber da relação entre tamanho da palavra e a emissão verbal correspondente.

 

Consciência sintática

A consciência sintática prende-se com a compreensão das regras da organização gramatical das frases, conduzindo à utilização e controlo dessas regras. Esta competência torna-se evidente não só quando as crianças identificam frases incoerentes, pela troca de elementos que subvertem a sua estrutura gramatical, mas também quando, mais velhas, conseguem explicitar as regras que não estão a ser consideradas nesse tipo de frases. O/a educador/a deverá ter presente a necessidade de as crianças construírem frases corretas, quanto ao conteúdo e organização, e que mobilizem formas cada vez mais complexas de estrutura sintática. 


Aprendizagens a promover:

  • Tomar consciência gradual sobre diferentes segmentos orais que constituem as palavras (Consciência Fonológica). 
  • Identificar diferentes palavras numa frase (Consciência da Palavra).
  • Identificar se uma frase está correta ou incorreta e eventualmente corrigi-la, explicitando as razões dessa correção (Consciência Sintática).

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Identifica o número de sílabas de uma palavra.
  • Descobre e refere palavras que acabam ou começam da mesma forma. 
  • Isola ou conta palavras de uma frase.
    • Suprime ou substitui alguma(s) palavra(s) numa frase,  atribuindo-lhe um novo sentido ou formulando novas frases.
  • Identifica uma frase cuja estrutura gramatical não está correta.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Cria oportunidades de jogo para que as crianças brinquem com rimas, emparelhamento de sons, reconstrução de palavras a partir de sílabas ou sons.
  • Explora situações em que há repetições de palavras ou sons, através de histórias, conversas, canções, etc.
  • Proporciona ocasiões para a criança ouvir, criar e dizer poesia, trava-línguas e cantar canções. 
  • Usa situações lúdicas de troca de palavras numa frase e promove a reflexão sobre o seu resultado.
  • Chama a atenção das crianças para diferentes tipos de unidades sonoras que integram as palavras (sílabas semelhantes, fonemas iniciais, rimas, etc.). 
  • Proporciona ocasiões para as crianças pensarem sobre a adequação da estrutura de uma frase face ao seu significado.

 

Abordagem à escrita

 

Facilitar a emergência da linguagem escrita

Não há hoje em dia crianças que não contactem com o código escrito e que, por isso, ao entrarem para a educação pré-escolar não tenham já algumas ideias sobre a escrita. Assim, há que tirar partido do que a criança já sabe, permitindo-lhe contactar e utilizar a leitura e a escrita com diferentes finalidades. Não se trata de uma introdução formal e "clássica", mas de facilitar a emergência da linguagem escrita através do contacto e uso da leitura e da escrita, em situações reais e funcionais associadas ao quotidiano da criança. Esta abordagem situa-se numa perspetiva de literacia, enquanto competência global para o uso da linguagem escrita, que implica utilizar e saber para que serve a leitura e a escrita, mesmo sem saber ler e escrever formalmente.

O contacto com diferentes tipos de texto manuscrito e impresso (narrativas, listagens, descrições, informações, etc.), o reconhecimento de diferentes formas que correspondem a letras, a identificação de algumas palavras ou de pequenas frases permitem uma apropriação gradual da especificidade da escrita não só ao nível das suas convenções, como da sua utilidade. 

Neste sentido, há que ter presente, no jardim de infância, que sendo uma das funções da linguagem escrita dar prazer e desenvolver a sensibilidade estética, partilhar sentimentos e emoções, sonhos e fantasias, este é também um meio de informação, de transmissão do saber e da cultura, um instrumento para planificar e representar a realização de projetos e atividades. 

 

Importância do livro na descoberta do prazer da leitura

O contacto com a escrita tem como instrumento fundamental o livro. É através dos livros que as crianças descobrem o prazer da leitura e desenvolvem a sensibilidade estética. As histórias lidas ou contadas pelo/a educador/a, recontadas e inventadas pelas crianças, de memória ou a partir de imagens, são um meio de abordar o texto narrativo que, para além de outras formas de exploração, noutros domínios de expressão, suscita o desejo de aprender a ler. O gosto e interesse pelo livro e pela palavra escrita iniciam-se na educação de infância. 

O contacto e o recurso a bibliotecas podem também começar nesta idade, se as crianças tiveram oportunidade de utilizar, explorar e compreender a necessidade de as consultar e de as utilizar como espaços de lazer e de cultura. Criam-se assim bases para o desenvolvimento de hábitos de leitura e do gosto pela leitura e pela escrita.

A forma como o/a educador/a utiliza e se relaciona com a linguagem escrita é fundamental para incentivar as crianças a interessarem-se e a evoluírem neste domínio.
O envolvimento das crianças em situações de leitura e escrita na educação pré-escolar promove o desenvolvimento de aprendizagens diversas que, apesar de se inter-relacionarem, se podem considerar organizadas em três componentes: 

  • Funcionalidade da linguagem escrita e sua utilização em contexto;
  • Identificação de convenções da escrita;
  • Prazer e motivação para ler e escrever.

 

Funcionalidade da linguagem escrita e sua utilização em contexto 
 

Compreensão das funções da leitura e da escrita facilita a aprendizagem da linguagem escrita

É evidente a importância da apropriação da funcionalidade da escrita pois, sem saber para que serve nem em que circunstâncias e com que objetivos se pode usar, a criança não se envolverá na sua exploração, compreensão e utilização. Para além disso, a investigação tem demonstrado que o facto de as crianças terem algum conhecimento e compreensão sobre as funções da leitura e da escrita, antes de iniciarem a escolaridade obrigatória, parece facilitar a aprendizagem, refletindo-se no seu desempenho.

Neste sentido, registar o que as crianças dizem e contam, as regras debatidas em conjunto, o que se pretende fazer ou o que se fez, reler e aperfeiçoar os textos elaborados em grupo, uma carta, uma mensagem ou uma receita são meios de abordar a escrita e a sua funcionalidade. Estas são formas de escrita que têm formatos diferentes porque correspondem a intenções diversas. 

 

Variedade de textos e suportes de escrita integrados no quotidiano das crianças

Cabe assim ao/à educador/a proporcionar o contacto com diversos tipos de texto escrito que levem a criança a compreender a necessidade e as funções da escrita, favorecendo também a emergência dos conhecimentos sobre o código escrito e as suas convenções. A apropriação das funções da leitura e da escrita vai-se processando gradualmente, em contexto e através do uso. A compreensão da funcionalidade e das especificidades do texto escrito (organização, estrutura, apresentação, etc.) decorrentes da sua função não é imediata. Para isso, é necessário integrar no quotidiano das crianças uma grande variedade de textos e suportes de escrita, como meio de enquadramento e de desenvolvimento de ações e atividades. Assim, para além de livros de literatura para a infância, em prosa e em verso, são ainda indispensáveis outros tipos de livros (dicionários, enciclopédias, etc.) e mesmo outro tipo de suportes de escrita (jornais, revistas, etiquetas, cartazes, mensagens, receitas, etc.), que se integrem nas vivências específicas de cada grupo e que, deste modo, possam ser usados e explorados pelas crianças. A utilização de meios informáticos constitui também um recurso para o acesso a diferentes tipos de texto e informações, para comunicar e utilizar a linguagem escrita.  

 

A utilização participada da linguagem escrita facilita a compreensão das suas convenções e utilidade

Procurar com as crianças informações em livros ou na internet, cujo texto o/a educador/a vai lendo e comentando, de modo a que as crianças interpretem o sentido, retirem as ideias fundamentais e reconstruam a informação, e ainda ler notícias num jornal, consultar um dicionário, ou ler em conjunto uma receita e segui-la para confeção de um bolo, são alguns meios para as crianças usarem a escrita no seu quotidiano e que facilitam a apropriação e compreensão de muitas convenções, bem como a utilidade da linguagem escrita. 

Se esta utilização no quotidiano, em contextos com significado, for bem acompanhada e apoiada pelo/a educador/a, para além de permitir uma compreensão gradual da escrita e das suas características, por parte da criança, vai conduzir a alguma autonomia na sua utilização. Esta utilização e autonomia progressivas facilitarão o uso de formas cada vez mais elaboradas da escrita e de utilizações diversificadas e com múltiplas funções.  

 

Aprendizagens a promover:

  • Identificar funções no uso da leitura e da escrita. 
  • Usar a leitura e a escrita com diferentes funcionalidades nas atividades, rotinas e interações com outros. 

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Refere razões e expressa vontade para querer aprender a ler e a escrever. 
  • Identifica funções específicas para o uso que faz ou poderá vir a fazer da escrita ou da leitura (lúdica, informativa, comunicativa, mnemónica, identificativa, etc.). 
  • Associa diferentes funções a suportes de escrita variados presentes nos seus contextos, usando-os com essas funcionalidades (livro de receitas para cozinhar, computador para pesquisar ou registar informação, lista de material necessário, etc.).
  • Utiliza e/ou sugere a utilização da linguagem escrita no seu dia a dia, em tarefas diversas, com funções variadas, quer solicitando o apoio de um adulto quer de modo autónomo, mesmo sem saber ler e escrever. 
  • Pede aos adultos que lhe leiam ou escrevam numa situação concreta, para responder a uma necessidade.
  • Escreve, convencionalmente ou não, palavras, pseudopalavras ou pequenas frases, nas suas brincadeiras, explorações e/ou interações com os outros.
  • Usa o livro adequadamente e distingue diferentes tipos de livros consoante as suas funcionalidades.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Disponibiliza uma variedade de textos e tipos de escrita, integrando-os nas vivências quotidianas do grupo.
  • Proporciona o contacto com diversos tipos de textos escritos que levem a criança a compreender a necessidade e as funções da escrita, por exemplo:
Usando diversas formas de utilização da escrita (realização de cartazes informativos construídos e ilustrados com as crianças, escrita em conjunto de cartas com diversas finalidades e para diferentes destinatários, etc.).
Lendo e falando sobre as notícias do jornal e da televisão e escrevendo notícias relatadas pelas crianças, de forma a levá-las a perceberem e a utilizarem a função informativa da linguagem escrita e a compreenderem as especificidades da estrutura deste tipo de texto.
  • Usa situações do quotidiano para proporcionar um contacto funcional com o escrito, como, tais como:
Procura com as crianças informações em livros para um projeto que estão a desenvolver.
Quando passeia na rua, usa mapas e lê nomes de ruas ou indicações de placas com e para as crianças, de modo a que estas se apercebam do seu conteúdo e importância.
Lê receitas para as crianças quando estão a cozinhar, a fazer bolos, etc.
Envolve as crianças na escrita de avisos e mensagens para as famílias (visitas de estudo, atividades, acontecimentos, etc.). 
Afixa e lê para as crianças a ementa da semana.
Lê e escreve com e para as crianças, utilizando diferentes tipos de texto, ilustrando assim como se pode usar a leitura e a escrita.
Cria oportunidades para a criança "imitar" a escrita e a leitura da vida corrente, através da introdução de material diversificado de leitura e de escrita em diferentes áreas da sala. 
Está atento às situações de uso e exploração da linguagem escrita que ocorrem nas brincadeiras das crianças e mobiliza-as de forma intencional.
Envolve as famílias, incentivando o uso da leitura e escrita, em conjunto com as crianças, em situações funcionais do quotidiano das mesmas (idas às compras, ler o texto das embalagens, etc.).

 

Identificação de convenções da escrita 

Vivendo num meio em que contactam com a linguagem escrita, as crianças desde muito cedo sabem distinguir a escrita do desenho e, mais tarde, sabem também que uma série de letras iguais não forma uma palavra, começando a tentar imitar a escrita e a reproduzir o formato do texto escrito. Não podemos esquecer que o desenho é também uma forma de escrita e que os dois meios de expressão e comunicação surgem muitas vezes associados, completando-se mutuamente. O desenho de um objeto pode substituir uma palavra, uma série de desenhos permite "narrar" uma história ou representar os momentos de um acontecimento. O desenho serve também, muitas vezes, de suporte ao processo de emergência da escrita, levando a que as crianças, em determinadas etapas, considerem que a escrita tem características do código icónico (associam o tamanho da palavra ao tamanho do objeto, desconhecem a linearidade e a literalidade da escrita, etc.). 

 

Compreensão gradual de normas da codificação escrita
Importância da escrita do nome próprio

Neste processo emergente de aprendizagem da escrita, as primeiras imitações que a criança faz do código escrito tornam-se progressivamente mais próximas do modelo, podendo notar-se tentativas de imitação de letras e até a diferenciação de sílabas. Começando a perceber as normas da codificação escrita, a criança vai desejar reproduzir algumas palavras (o seu nome, o nome dos outros, palavras e/ou frases que o/a educador/a escreve, etiquetas, etc.). Aprender a escrever o seu nome tem um sentido afetivo para a criança, permitindo-lhe fazer comparações entre letras que se repetem noutras palavras e aperceber-se de que o seu nome se escreve sempre da mesma maneira.  

 

Valorizar e incentivar as tentativas de escrita

A atitude do/a educador/a e o ambiente que é criado devem ser facilitadores de uma familiarização com o código escrito. Neste sentido, as tentativas de escrita, mesmo que não conseguidas, deverão ser valorizadas e incentivadas, pois só assim as crianças poderão passar pelas diferentes fases inerentes à apropriação do código escrito. 

Na leitura de uma história, o/a educador/a pode partilhar com as crianças as suas estratégias de leitura, por exemplo, ler o título para que as crianças possam dizer do que trata a história, propor que prevejam o que vai acontecer a seguir, identificar os nomes e as atividades das personagens, apontar enquanto lê, mostrar palavras e realçar a semelhança entre elas. Estas estratégias, para além de promoverem a compreensão da funcionalidade e estrutura organizativa do texto, facilitarão também a identificação e apropriação gradual das especificidades inerentes às convenções do código escrito.

O registo escrito com diferentes propósitos (mensagens, notícias, listagens, opiniões, etc.) também é uma estratégia importante para a compreensão do código escrito. Deste modo, as crianças poderão compreender que o que se diz se pode escrever, que a escrita permite recordar o dito e o vivido, mas constitui um código com regras próprias.

Aprendizagens a promover:

  • Reconhecer letras e aperceber-se da sua organização em palavras.
  • Aperceber-se do sentido direcional da escrita. 
  • Estabelecer relações entre a escrita e a mensagem oral.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Diferencia escrita de desenho (código icónico de código escrito) e, quando quer escrever, usa garatujas, formas tipo letra e/ou letras na sua escrita.
  • Identifica letras, conseguindo reproduzi-las de modo cada vez mais aproximado nas suas tentativas de escrita e sabe o nome de algumas delas.
  • Nas suas tentativas de leitura, aponta para o texto escrito com o dedo, seguindo a orientação da escrita e fazendo alguma correspondência entre a emissão oral e o escrito.
  • Partilha atividades de escrita com os pares comparando-as e discutindo acerca das suas semelhanças e diferenças.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Organiza o espaço da sala com diversidade de materiais a que as crianças possam recorrer para as explorações e usos da linguagem escrita (papéis, lápis, canetas, cadernos, agendas, jornais, revistas, livros, panfletos, etc.). 
  • Disponibiliza e promove a exploração de jogos e materiais focados para a identificação e/ou uso de letras e palavras.
  • Questiona a criança sobre o que escreveu e leva-a a explicitar estratégias e procedimentos.
  • Lê e escreve perante a criança, realçando a relação entre a escrita e a mensagem oral.
  • Proporciona oportunidades diversificadas, mais ou menos estruturadas, de exploração da leitura e da escrita, integradas nas vivências do grupo. 
  • Apoia e incentiva as crianças nas suas tentativas de escrita.
  • Escreve com e para as crianças, solicitando a sua colaboração e desafiando-as a pensar e a refletir sobre as características e convenções da escrita.

 

Prazer e motivação para ler e escrever 

Todos nós, para nos envolvermos numa qualquer atividade, temos que ter motivos e razões para o fazer. Esses motivos podem ser muito diferenciados, passando pelos benefícios, diretos ou que daí podemos retirar, pela satisfação que a situação nos proporciona ou pelo sentimento de realização e competência.

 

Valorização, prazer e sentimento de competência como base da motivação

Com a leitura e a escrita, mesmo com crianças muito pequenas, este tipo de motivos poderá estar presente, embora por vezes de forma muito incipiente. É importante que as crianças se apropriem do valor e importância da leitura e da escrita, o que acaba por ser determinante para a construção do seu projeto pessoal para ler e escrever. Esta valorização associada ao prazer e satisfação vivenciados nos momentos de leitura e escrita, bem como o sentir-se competente, são as bases para se tornarem crianças motivadas e para usarem e se envolverem com a linguagem escrita. O papel do/a educador/a é fundamental neste processo, ao criar ambientes promotores do envolvimento com a leitura e a escrita, que levem ao desenvolvimento de atitudes e disposições positivas relativamente à aprendizagem da linguagem escrita.

 

Aprendizagens a promover:

  • Compreender que a leitura e a escrita são atividades que proporcionam prazer e satisfação.
  • Estabelecer razões pessoais para se envolver com a leitura e a escrita, associadas ao seu valor e importância. 
  • Sentir-se competente e capaz de usar a leitura e a escrita, mesmo que em formas muito iniciais e não convencionais.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Escolhe realizar atividades de leitura e/ou escrita, manifestando concentração, prazer e satisfação no desenrolar das mesmas.
  • Ouve atentamente histórias, rimas, poesias e outros textos, mostrando prazer e satisfação.
  • Reflete e partilha ideias sobre o valor e a importância da linguagem escrita e indica razões pessoais para a sua utilização. 
  • Revela satisfação pelas aprendizagens e conquistas que vai fazendo na compreensão e utilização da linguagem escrita.
  • Mostra entusiasmo em partilhar com a família as leituras que vai fazendo no jardim de infância.
  • Usa a leitura e a escrita, mesmo que de modo não convencional, em situações cada vez mais complexas, mostrando vontade de aprender e de responder a novos desafios.
  •  …

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Disponibiliza livros e material de leitura de qualidade, tanto no seu conteúdo como do ponto de vista estético.
  • Cria ambientes positivos e ricos em oportunidades de interação com a leitura e a escrita que facilitem a concentração e o envolvimento.
  • Proporciona às crianças oportunidades de escolha sobre o que querem ler ou escrever.
  • Integra regularmente a leitura e a escrita em atividades significativas para as crianças partindo dos seus interesses, iniciativas e vivências.
  • Identifica e partilha os progressos que cada criança vai fazendo, de modo a que esta se sinta desafiada a continuar as suas explorações e tentativas de uso da leitura e da escrita. 
  •  Envolve as famílias nas práticas de leitura desenvolvidas no jardim de infância, incentivando a sua colaboração.
  • … 

 

Síntese

DOMÍNIO DA LINGUAGEM ORAL E ABORDAGEM À ESCRITA
Componentes Aprendizagens a Promover
Comunicação Oral
  • Compreender mensagens orais em situações diversas de comunicação. 
  • Usar a linguagem oral em contexto, conseguindo comunicar eficazmente de modo adequado à situação (produção e funcionalidade). 
Consciência linguística
  • Tomar consciência gradual sobre diferentes segmentos orais que constituem as palavras (Consciência Fonológica). 
  • Identificar diferentes palavras numa frase (Consciência da Palavra).
  • Identificar se uma frase está correta ou incorreta e eventualmente corrigi-la, explicitando as razões dessa correção (Consciência Sintática).
Funcionalidade da linguagem escrita e sua utilização em contexto

  • Identificar funções no uso da leitura e da escrita.
  • Usar a leitura e a escrita com diferentes funcionalidades nas atividades, rotinas e interações com outros. 
Identificação de convenções da escrita
  • Reconhecer letras e aperceber-se da sua organização em palavras.
  • Aperceber-se do sentido direcional da escrita. 
  • Estabelecer relação entre a escrita e a mensagem oral.
Prazer e motivação para ler e escrever
  • Compreender que a leitura e a escrita são atividades que proporcionam prazer e satisfação.
  • Estabelecer razões pessoais para se envolver com a leitura e a escrita associadas ao seu valor e importância. 
  • Sentir-se competente e capaz de usar a leitura e a escrita, mesmo que em formas muito iniciais e não convencionais.

 

Sugestões de reflexão:

  • Escuta com atenção o que as crianças dizem? Como lhes dá a perceber que são escutadas?
  • Incentiva as crianças a saber ouvir e escutar o outro com atenção em diversas situações e momentos da rotina?
  • Nas interações com as crianças, usa linguagem (estrutura das frases e vocabulário) que promove o seu desenvolvimento? Reformula e expande o discurso da criança? 
  • Na sua prática, contempla a abordagem a diferentes aspetos da consciência linguística?
  • Que atividades e jogos usa para promover o desenvolvimento de níveis cada vez mais elaborados de consciência fonológica? 
  • Em conversas, momentos de leitura e outras situações de comunicação oral, leva as crianças a refletirem sobre as palavras (significado, sinónimos, antónimos, etc.)?
  • Tem na sala suportes de escrita com funções diversificadas? Esses suportes e funções vão sendo atualizados?
  • Quais as funções da leitura e da escrita que mais utiliza quando lê ou escreve na presença das crianças?
  • Ao olhar para a sua sala, considera que as oportunidades para as crianças explorarem e usarem no quotidiano a escrita e a leitura são diversificadas e frequentes? O que pode fazer para melhorar a exploração e apropriação da funcionalidade da linguagem escrita, pelo seu grupo de crianças?
  • Incentiva as crianças a usarem a leitura e/ou escrita, mesmo não sabendo ainda escrever convencionalmente?
  • Pense num momento de exploração da linguagem escrita em que sentiu que o grupo, ou algumas crianças, não estava(m) suficientemente envolvido(as). Analise esse momento tomando em consideração o prazer/satisfação, valor/utilidade e perceção de competência. As estratégias, abordagem e apoios que proporcionou foram suficientes e contemplaram estes vários aspetos?
  • Quando lê para as crianças, considera que é um bom modelo, evidenciando e transmitindo-lhes o prazer e satisfação que sente no momento?
  • Quando interage com as crianças em atividades em que usam a leitura e a escrita, o feedback que lhes dá leva-as a sentirem-se competentes? 
  • Os momentos de leitura de histórias são agradáveis e sentidos como positivos? 

 

Domínio da Matemática

 

Importância da aprendizagem matemática nos primeiros anos 

O desenvolvimento de noções matemáticas inicia-se muito precocemente e, na educação pré-escolar, é necessário dar continuidade a estas aprendizagens e apoiar a criança no seu desejo de aprender. Esse apoio deverá corresponder a uma diversidade e multiplicidade de oportunidades educativas, que constituam uma base afetiva e cognitiva sólida da aprendizagem da matemática. Sabe-se que os conceitos matemáticos adquiridos nos primeiros anos vão influenciar positivamente as aprendizagens posteriores e que é nestas idades que a educação matemática pode ter o seu maior impacto.

O conhecimento por parte dos/as educadores/as da forma como decorre o processo de desenvolvimento e aprendizagem da matemática, o modo como interpretam o que a criança faz e pensa e como tentam perceber o seu ponto de vista permite-lhes prever o que esta poderá aprender e abstrair a partir da sua experiência. Assim, poderão fazer propostas intencionais, progressivamente mais complexas, que estimulem e contextualizem essas aprendizagens. Nesse sentido, é necessário ter em conta que as conceções das crianças são não só muito diferentes das dos adultos, como constituem a melhor base sobre a qual se constroem as aprendizagens subsequentes.

 

Matemática inserida no quotidiano

No jardim de infância, a aprendizagem das crianças requer uma experiência rica em matemática, ligada aos seus interesses e vida do dia a dia, quando brincam e exploram o seu mundo quotidiano. O/A educador/a deverá proporcionar experiências diversificadas e desafiantes, apoiando a reflexão das crianças, colocando questões que lhes permitam ir construindo noções matemáticas e propondo situações problemáticas em que as crianças encontrem as suas próprias soluções e as debatam com as outras.

 

Abordagem intencional, sistemática, continuada e coerente

As crianças aprendem a matematizar as suas experiências informais, abstraindo e usando as ideias matemáticas para criarem representações de situações que tenham significado para elas e que surgem muitas vezes associadas a outras áreas de conteúdo. Para tal, é necessário uma abordagem sistemática, continuada e coerente, em que o/a educador/a apoia as ideias e descobertas das crianças, levando-as intencionalmente a aprofundar e a desenvolver novos conhecimentos. Para o desenvolvimento das várias noções matemáticas, no decurso da intervenção educativa, o/a educador/a deverá ter em consideração não só aspetos ligados a atitudes e disposições de aprendizagem (curiosidade, atenção, imaginação, criatividade, autorregulação, persistência), como também a um conjunto de processos gerais (classificação, seriação, raciocínio, resolução de problemas) que são transversais à abordagem da matemática.

Processos Gerais - As crianças realizam intuitivamente classificações e, precocemente, começam a ser capazes de organizar objetos e acontecimentos considerando um atributo e, posteriormente, vários atributos, de forma a estabelecer relações entre eles. Classificar implica saber distinguir o que é diferente do que é igual ou semelhante, isto é, ao classificar inclui-se um determinado elemento num conjunto, pela igualdade, e exclui-se, pela diferença.

Nesta fase, as crianças são também capazes de seriar e ordenar, isto é, reconhecer as propriedades que permitem estabelecer uma classificação ordenada de gradações que podem relacionar-se com diferentes qualidades dos objectos, como, por exemplo: quantidade (mais, igual, menos), altura (alto, médio, baixo), tamanho (grande, pequeno), espessura (grosso, fino), luminosidade (claro, escuro), velocidade (rápido, lento), duração (muito tempo, pouco tempo), altura do som (grave, agudo), intensidade do som (forte, fraco). Progressivamente, vão complexificando as seriações, incluindo cada vez mais objetos, que permitem a ordenação de gradações múltiplas (pequeno, médio, grande, o maior, etc.). Agrupar, classificar e seriar facilita o trabalho com padrões. As crianças desenvolvem conceitos iniciais relacionados com padrões, através de cantigas repetitivas, cânticos ritmados e poemas, baseados na repetição e no crescimento de padrões, por exemplo, sequências de sons e formas ou padrões numéricos simples. Reconhecer padrões, compreender a sua repetição numa sequência e ser capaz de a continuar, constituem elementos importantes para o desenvolvimento do raciocínio matemático.

 

Representar  e comunicar o pensamento matemático

O desenvolvimento do raciocínio matemático implica o recurso a situações em que se utilizam objetos para facilitar a sua concretização e em que se incentiva a exploração e a reflexão da criança. A partir dessas situações, a criança é encorajada a explicar e justificar as suas soluções, sendo a linguagem também essencial para a construção do pensamento matemático. Comunicar os processos matemáticos que desenvolve ajuda a criança a organizar e sistematizar o seu pensamento e a desenvolver formas mais elaboradas de representação.

 

Resolver e inventar problemas

Resolver e inventar problemas são duas formas facilitadoras do processo de apropriação e de integração das aprendizagens matemáticas. Dado que muitas crianças têm dificuldade em resolver problemas apresentados apenas oralmente, é importante que sejam apoiadas na representação das situações-problema utilizando objetos ou desenhos. Simultaneamente, essa dificuldade é condicionada pela estrutura do próprio problema, pois implica considerar não só a situação apresentada, mas também o que é desconhecido e se pretende determinar. Assim, a resolução de problemas é facilitada, não só pela sua concretização, mas também por a situação-problema ter significado para a criança, ao decorrer de uma situação ou projeto em que esteja envolvida. A disponibilidade e a utilização de materiais manipuláveis (colares de contas, cartões padronizados, tangram, material de cuisenaire, miras, puzzles, dominós, legos, etc.) são um apoio fundamental para a resolução de problemas e para a representação de conceitos matemáticos.

O brincar e o jogo favorecem o envolvimento da criança na resolução de problemas, pois permitem que explore o espaço e os objetos, oferecendo também múltiplas oportunidades para o desenvolvimento do pensamento e raciocínio matemáticos. Tanto o brincar com materiais (areia, plasticina, blocos, etc.), como o jogo dramático, que envolve a criação de uma situação imaginária (compra numa loja, pôr a mesa, etc.), contribuem para a aprendizagem da matemática. Também jogos com regras (cartas numeradas, lotos, dominós, etc., bem como os jogos tradicionais de movimento) levam à compreensão e à aceitação de regras previamente fixadas e ao desenvolvimento de raciocínio matemático, especialmente o raciocínio estratégico (prever possibilidades e optar entre elas) e favorecem a autonomia da criança.

 

Importância do jogo e do brincar na aprendizagem da matemática

Partindo do brincar e do jogo da criança, a ação do/a educador/a é essencial para o desenvolvimento das aprendizagens matemáticas. Para isso, importa que: explore as situações que emergem da atividade das crianças; oriente a sua atenção para características específicas da matemática; as encoraje a inventarem e a resolverem problemas; lhes peça para explicitarem e partilharem as suas estratégias; as questione sobre processos e resultados (Porquê? Como sabes isso? Tens a certeza?); proponha o uso de registos diversos (esquemas, desenhos, símbolos, etc.); e resuma as ideias envolvidas no final das atividades. É também fundamental que lhes transmita confiança nas suas explorações, reflexões e ideias, de modo a sentirem-se competentes.

O envolvimento das crianças em situações matemáticas contribui não só para a sua aprendizagem, como também para desenvolver o seu interesse e curiosidade pela matemática. Neste sentido, são consideradas quatro componentes na abordagem à matemática: 

  • Números e Operações;
  • Organização e Tratamento de Dados;
  • Geometria e Medida; 
  • Interesse e Curiosidade pela Matemática.

 

Números e Operações

As crianças discriminam quantidades desde muito cedo e parecem também ter um sentido aritmético precoce que é evidente quando, por exemplo, têm a ideia de que, quando se junta mais um elemento, a quantidade resultante fica maior. Muitas vezes as crianças aprendem a recitar a sequência numérica, sem, no entanto, terem o sentido de número. É através de experiências diversificadas que as crianças vão desenvolvendo o sentido de número, que diz respeito à compreensão global e flexível dos números, das operações e das suas relações. 

 

Apropriação progressiva do sentido de número

Este processo de desenvolvimento do sentido de número é progressivo, sendo que contar implica saber a sequência numérica, mas também fazer correspondência termo a termo. Assim, em situações de junção de dois conjuntos, as crianças começam por contar a quantidade de objetos de cada conjunto, juntam os dois, e recontam todos os objetos do conjunto resultante. Posteriormente, serão capazes de continuar a contar a partir do cardinal do conjunto maior, percebendo que podem contar por qualquer ordem, desde que contem todos os elementos e uma só vez. 

À medida que as crianças vão desenvolvendo o sentido de número nas suas experiências de contagem, passam a ser capazes de pensar em números sem necessidade de os associar a objetos concretos. Também na comparação de quantidades de objetos se nota a mobilização gradual de estratégias mais complexas. A ordenação dos numerais e a capacidade de comparar grandezas está intimamente ligada à construção, por parte das crianças, de uma linha mental de números. A criança, além de ser capaz de reproduzir oralmente a sequência dos numerais, toma consciência da relação de ordem existente entre eles (5 é mais do que 4; 6 é mais do que 5). Esta construção de uma linha mental tem efeitos na representação dos números, bem como na realização de estimativas e no desempenho posterior em aritmética. Neste processo, é importante associar os numerais às quantidades de objetos que lhes correspondem, facilitando à criança também a estimativa de pequenas quantidades. Gradualmente a criança desenvolve capacidades operativas, perante problemas do quotidiano. Também, neste caso, as crianças necessitam inicialmente de concretizar as situações numéricas, aprendendo progressivamente a fazer representações (pictográficas, icónicas e simbólicas) dos problemas, ou sendo mesmo capazes de os resolver mentalmente. A utilização de materiais diversos favorece essas capacidades operativas como, por exemplo, construção de uma linha mental de números (cuisenaire, contas de enfiamentos), o reconhecimento da mancha sem necessidade de contagem – subitizing (dados, cartões com pintas e dominós).

 

Aprendizagens a promover:

  • Identificar quantidades através de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, estimativa, etc.). 
  • Resolver problemas do quotidiano que envolvam pequenas quantidades, com recurso à adição e subtração.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Usa correspondência termo a termo para resolver problemas de comparação de conjuntos e para contar objetos de um conjunto.
  • Identifica, numa contagem, que a quantidade total corresponde à última palavra número (termo) que disse.
  • Usa os termos “mais do que” e “menos do que” na comparação de quantidades.
  • Usa o nome dos números e, posteriormente, numerais escritos, para representar quantidades.
  • Organiza conjuntos de um certo número de objetos e consegue contar de forma crescente e decrescente.
  • Começa a relacionar a adição com o combinar de dois grupos de objetos e a subtração com o retirar uma dada quantidade de um grupo de objetos.
  • Recorre a outras operações matemáticas (multiplicação e divisão) para resolver problemas que se colocam em situações concretas.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Disponibiliza, em diferentes áreas da sala, materiais diversificados que criem oportunidades de contagem e operações sobre quantidades (materiais adquiridos ou construídos e também outros, tais como sementes, caricas, rolhas, pedras, conchas, tampas de frascos e garrafas, etc.).
  • Utiliza as situações do dia a dia para proporcionar oportunidades de contagem (número das crianças presentes na sala, dos pacotes de leite bebidos, das crianças que almoçam, etc.).
  • Desperta a curiosidade e promove a compreensão das crianças para a utilização e representação de numerais na sala (calendários, mapas de presença, etc.) e no meio ambiente (números das portas, preços marcados em lojas ou hipermercados, andares do elevador, números de telefone e telemóveis, matrículas de carros, números das carreiras de autocarro).
  • Utiliza ritmos, cantigas e lengalengas para incentivar a aprendizagem da sequência dos nomes dos números numa contagem.
  • Encoraja as crianças a concretizarem a representação de quantidades (contar pelos dedos, contar objetos, desenhar esquemas ou símbolos) e operarem sobre elas, apoiando a criança a explicitar o seu raciocínio e ideias, favorecendo o debate em grupo.
  • Incentiva a aprendizagem da contagem - crescente e decrescente.
  • Encoraja a representação e a compreensão das situações-problema que propõe às crianças, partindo do seu conhecimento informal.

 

Organização e Tratamento de Dados

A estatística, enquanto análise quantitativa de dados, é uma área muito importante da Matemática que proporciona múltiplas ocasiões de desenvolvimento numérico. A estatística, que tem como objeto a variabilidade num conjunto de dados e a apresentação dessa informação organizada, através de tabelas ou gráficos, faz parte da vida quotidiana de crianças e adultos. A resolução de problemas estatísticos depende da compreensão e quantificação dessa variabilidade, estando a interpretação desses dados ligada ao contexto em que são recolhidos.

 

Recolha, organização e tratamento de dados para responder a questões que fazem sentido para as crianças

O processo de recolha, organização e tratamento de dados assenta na classificação, contagem e comparação. Este processo decorre da curiosidade e da resposta a questões que fazem sentido para a criança (por exemplo, saber quais os legumes preferidos das crianças da sala).

Na vida do jardim de infância, surgem muitas oportunidades de recolher, organizar e interpretar dados quantitativos a partir de situações do quotidiano e da realização de experiências e projetos. Cabe ao/à educador/a apoiar a formulação das questões a responder, a recolha de dados e a sua organização (conjuntos, tabelas, gráficos, diagramas de Venn, etc.). Para que se compreenda que dados recolhidos num determinado contexto não podem ser generalizados, o/a educador/a poderá ainda apoiar as crianças em conjeturas relativas a outras amostras, como, por exemplo, saber se os meninos de outra sala têm as mesmas preferências.
Com o apoio do/a educador/a, será também possível que as questões a resolver e a recolha e tratamento a realizar se vão tornando cada vez mais complexas.
 

Aprendizagens a promover:

  • Recolher informação pertinente para dar resposta a questões colocadas, recorrendo a metodologias adequadas (listagens, desenhos, etc.).
  • Utilizar gráficos e tabelas simples para organizar a informação recolhida e interpretá-los de modo a dar resposta às questões colocadas.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança:

  • Coloca questões e participa na recolha de dados acerca de si própria, de situações do seu quotidiano e meio ambiente. 
  • Participa na organização da informação recolhida recorrendo a tabelas, pictogramas simples, etc. 
  • Procura interpretar os dados apresentados em tabelas, pictogramas, gráficos de barras, identificando a categoria modal, como correspondendo à maior frequência. 
  • Compreende que o tratamento apresentado é uma forma de descrever uma realidade. 

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Leva as crianças a colocarem questões que não têm uma resposta imediata (Quantas crianças estiveram presentes ao longo desta semana?; Quantos rapazes e quantas raparigas existem na sala?; etc.).
  • Ajuda as crianças a definir o que querem descobrir e como querem recolher e organizar os dados, apoiando-as na recolha e organização da informação através de representações diversificadas (pictogramas, tabelas, etc.) e apropriadas ao tipo de dados e questões colocadas.
  • Disponibiliza materiais diversos (tampas, contas, pauzinhos, peças de lego, etc.) que facilitem a concretização e organização dos dados, conduzindo à sua representação através de formas mais elaboradas (gráficos, tabelas, etc.).
  • Apoia as crianças a “lerem” e interpretarem os dados que recolheram e a compreenderem as diferentes frequências e a moda de cada distribuição.
  • Apoia as crianças a utilizarem os registos de dados elaborados para comunicarem a outros (família, outros grupos, jardim de infância, escola, etc.) as informações recolhidas e as conclusões a que chegaram.

 

Geometria e Medida

No seu quotidiano, a criança contacta e experiencia inúmeras situações onde a geometria e a medida estão presentes e que poderão ser mobilizadas para o desenvolvimento de capacidades e conhecimentos matemáticos, permitindo assim que a criança se aperceba da utilidade da matemática no dia a dia.

Muitas situações de carácter geométrico estão associadas a questões de medida, por isso se relaciona geometria e medida. Embora estes saberes estejam integrados na mesma componente, são em seguida apresentados separadamente, de modo a facilitar a sua compreensão.

 

Geometria

A construção de noções matemáticas, em particular o que se designa por pensamento espacial, fundamenta-se na vivência do espaço e do tempo, tendo como ponto de partida as atividades espontâneas e lúdicas das crianças. É a partir da consciência da sua posição e deslocação no espaço, bem como da relação e manipulação de objetos que ocupam um espaço, que a criança pode aprender o que está “longe” e “perto”, “dentro”, “fora” e “entre”, “aberto” e “fechado”, “em cima” e “em baixo”. Esta exploração do espaço vai permitir-lhe ainda reconhecer e representar diferentes formas geométricas que progressivamente aprenderá a diferenciar, nomear e caracterizar. 

A abordagem à geometria integra o apoio ao desenvolvimento do pensamento espacial, (orientação espacial e visualização espacial) e a análise e operações com formas. 

 

Orientação espacial

A orientação espacial diz respeito ao conhecimento do local onde a criança está e como se movimenta no seu meio, isto é, envolve a compreensão das relações entre diferentes posições no espaço, primeiro em relação à sua posição e ao seu movimento, e depois numa perspetiva mais abstrata, que inclui a representação e interpretação de mapas simples. Esta orientação implica, assim, especificar localizações e descrever relações espaciais.

As crianças começam por fixar localizações de objetos e por se lembrar das distâncias aproximadas (perto, longe) e da direção que têm de tomar relativamente a marcos importantes, aprendendo posteriormente a compreender as diferenças de perspetivas na observação dos objetos e a reconhecer o ponto de vista de outros nessa observação. 

 

Visualização espacial

A visualização espacial é um processo que envolve a construção e a manipulação de imagens mentais de objetos a 2 ou 3 dimensões e permite construir representações visuais que são essenciais para a vida. Existem experiências importantes para as crianças irem progressivamente desenvolvendo as suas capacidades de visualização espacial, por exemplo ao descreverem características dos objetos, fazerem esquemas de construções antes de as realizarem, utilizarem mapas simples, etc.

 

Analisar e operar com formas geométricas

As crianças são sensíveis à forma a partir do primeiro ano de vida, começando por distinguir formas diferentes. Mais tarde, apesar de diferenciarem um triângulo de um quadrado, não distinguem as suas propriedades. Este processo desenvolve-se a partir da observação e manipulação de objetos com diversas formas geométricas, de modo a que, progressivamente, as crianças analisem as características das formas geométricas, aprendendo depois a diferenciar, nomear e identificar as suas propriedades (mencionar os lados e vértices do triângulo). Um outro aspeto deste processo envolve operar com formas ou figuras geométricas, através de ações de deslizar, rodar, refletir (voltar) ou projetar, que estão relacionadas com a construção e reconhecimento de padrões, as quais contribuem para o desenvolvimento algébrico. 

 

Construção de padrões

As crianças muitas vezes inventam naturalmente padrões quando estão a construir com legos ou a enfiar contas. A observação de azulejos, desenhos da calçada portuguesa, bem como a criação de ritmos musicais são também atividades que apelam à exploração de padrões e ao desenvolvimento do sentido estético. A diversidade de oportunidades de reconhecimento, duplicação e criação de padrões simples, assim como a sua evolução gradual para padrões mais complexos são essenciais nas aprendizagens matemáticas. 

 

Aprendizagens a promover:

  • Localizar objetos num ambiente familiar, utilizando conceitos de orientação.
  • Identificar pontos de reconhecimento de locais e usar mapas simples. 
  • Tomar o ponto de vista de outros, sendo capaz de dizer o que pode e não pode ser visto de uma determinada posição.
  • Reconhecer e operar com formas geométricas e figuras, descobrindo e referindo propriedades e identificando padrões, simetrias e projeções.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança:

  • Numa roda com outras crianças, identifica posições relativas (Quem está “ao lado”, “em frente”, “atrás”, “dois lugares à direita”, “entre a Maria e o Manuel”, etc.). 
  • Consegue seguir um percurso que lhe é descrito oralmente por outra criança ou pelo/a educador/a. 
  • Representa e descreve percursos familiares, através de desenhos e recorrendo a representações de marcos importantes.
  • Ao jogar às escondidas, sabe escolher os lugares onde se deve esconder para não ser vista.
  • Reconhece formas geométricas (bi- e tridimensionais) presentes no seu quotidiano (nos objetos da sala, no recreio, em obras de arte, nas suas produções, etc.). 
  • Imagina e descreve como se vê um objeto a partir de uma certa posição.
  • Amplia, reduz, roda, vê ao espelho formas e figuras e analisa as transformações resultantes nas posições, formas, tamanhos, etc.
  •  …

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Disponibiliza materiais diversificados que promovam a manipulação e a reflexão sobre as propriedades das formas, figuras e objetos: geoplano, blocos lógicos, espelhos, barras de madeira, tampas de frascos, paus, pedras, puzzles, etc.
  • Propõe experiências que possibilitam a identificação de objetos ou pessoas, reconhecendo algumas propriedades, através do tato (jogo da cabra cega, objetos escondidos num saco ou caixa, etc.). 
  • Encoraja as crianças a utilizarem diferentes objetos para representarem o espaço da sala, partindo depois para representações simbólicas. 
  • Leva as crianças a pensarem sobre o espaço colocando questões que envolvem direção (Qual o caminho?), distância (Fica muito longe?), localização (Onde?), identificação de pontos de referências (Que objetos encontras?; O que vês de importante?).
  • Propõe atividades em que as crianças têm de interpretar uma imagem de um objeto (desenho ou fotografia) sob vários pontos de vista, e identificar de onde foi desenhado ou fotografado.
  • Promove a utilização de espelhos para explorar e operar com formas ou figuras geométricas, de modo a encontrar simetrias e padrões.
  • Recorre a materiais diversos, para que as crianças possam identificar padrões (roupas, mosaicos, fotografias, quadros, etc.). 
  • Promove o desenvolvimento de conceitos matemáticos a partir de construções a 2 ou a 3 dimensões, feitas com papel (papagaios, barcos, cadeias de bonecos, etc.) ou com outros materiais (madeiras, cartão, latas de bebidas, cordas, caixas, etc.). 

 

Medida

 

Identificar atributos mensuráveis dos objetos

Medir implica que, a partir das suas experiências e de situações propostas pelo/a educador/a (comparação das alturas das crianças, organização do espaço da sala, perceber o tamanho e o peso de diferentes objetos, brincar com água, etc.), as crianças comecem a identificar os atributos mensuráveis dos objetos. Posteriormente, poderão selecionar uma unidade de medida (natural ou padronizada), para a comparar com o objeto e traduzir essa comparação através de um número. Inicialmente, este processo baseia-se em comparar e ordenar diretamente os objetos (mais comprido, mais curto, de comprimento igual, mais pesado, mais leve, etc.), complexificando-se gradualmente com o recurso a unidades de medida não padronizadas (chávena, pé ou sapato, cabo da vassoura, etc.). Poderá, ainda, recorrer-se a unidades de medida padronizadas (pesar a farinha para um bolo, medir a temperatura ambiente num dia muito quente, medir a sua altura, etc.). Para o desenvolvimento do sentido de medida, é importante facultar às crianças experiências e problemas reais de medida e que envolvam diferentes grandezas (comprimento, peso, capacidade, volume, tempo, temperatura, etc.). Estas experiências possibilitam que as crianças compreendam progressivamente a utilidade de instrumentos de medida e de medidas padronizadas, dado que estas também fazem parte do seu quotidiano. 

 

Aprendizagens a promover:

  • Compreender que os objetos têm atributos mensuráveis que permitem compará-los e ordená-los. 
  • Escolher e usar unidades de medida para responder a necessidades e questões do quotidiano.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança: 

  • Compara a altura, largura, comprimento de construções que fez (torres, comboios, casas, etc.), indicando algumas características de medida “maior que”,” mais pequeno que”, “mais estreito que”, “igual a”, etc. 
  • Nas suas atividades e brincadeiras explora diversas formas alternativas para medir. 
  • Compara o peso de objetos familiares (duas bonecas, duas peças de fruta, etc.) utilizando primeiro as mãos para sentir qual o mais pesado e depois uma balança de pratos para comprovar o que antecipou.

 

O/A educador/a promove estas aprendizagens quando, por exemplo:

  • Coloca questões que levam as crianças a aperceberem-se da grandeza de determinada medida (comprimento, volume, peso, capacidade, etc.).
  • Ajuda as crianças a escolherem uma unidade de medida para comparar e ordenar objetos. 
  • Introduz instrumentos padronizados de medida, relacionando-os com o seu uso no quotidiano, para que as crianças compreendam a sua utilidade.

 

Interesse e Curiosidade pela Matemática 

 

Despertar na criança o desejo de saber mais e compreender melhor

Se a aquisição de capacidades matemáticas faz parte do desenvolvimento da criança, a aprendizagem da matemática assenta não só na apropriação de determinadas noções matemáticas, mas também no despertar de interesse e curiosidade que levem a criança a desejar saber mais e a compreender melhor. O/A educador/a tem um papel fundamental na criação desse interesse e curiosidade, ao chamar a atenção da criança para a presença da matemática no mundo que a rodeia, estimulando a formulação de problemas e questões, encorajando a descoberta de diversas estratégias de resolução e o debate em grupo.


Aprendizagens a promover:

  • Mostrar interesse e curiosidade pela matemática, compreendendo a sua importância e utilidade. 
  • Sentir-se competente para lidar com noções matemáticas e resolver problemas.

Estas aprendizagens podem ser observadas, por exemplo, quando a criança:

  • Se envolve, por iniciativa própria, em situações onde utiliza conhecimentos e estratégias da matemática, evidenciando satisfação e prazer. 
  • Aplica noções matemáticas já exploradas a outras situações ou faz perguntas sobre elas.
  • Procura encontrar estratégias próprias para resolver uma situação ou problema matemático.
  • Expressa as suas razões para interpretar uma dada situação ou para seguir uma determinada estratégia.
  • Não desiste de resolver um problema e, quando não consegue, procura uma nova abordagem.

 

Síntese

DOMÍNIO DA MATEMÁTICA
Componentes Aprendizagens a Promover
Números e Operações
  • Identificar quantidades através de diferentes formas de representação (contagens, desenhos, símbolos, escrita de números, estimativa, etc.). 
  • Resolver problemas do quotidiano, que envolvam pequenas quantidades, com recurso à adição e subtração.
Organização e Tratamento de Dados
  • Recolher informação pertinente para dar resposta a questões colocadas, recorrendo a metodologias adequadas (listagens, desenhos, etc.).
  • Utilizar gráficos e tabelas simples para organizar a informação recolhida e interpretá-los de modo a dar resposta às questões colocadas.

Geometria e Medida

Geometria

  • Localizar objetos num ambiente familiar, utilizando conceitos de orientação.
  • Identificar pontos de reconhecimento de locais e usar mapas simples. 
  • Tomar o ponto de vista de outros, sendo capaz de dizer o que pode e não pode ser visto de uma determinada posição.
  • Reconhecer e operar com formas geométricas e figuras, descobrindo e referindo propriedades e identificando padrões, simetrias e projeções.

Medida

  • Compreender que os objetos têm atributos mensuráveis que permitem compará-los e ordená-los. 
  • Escolher e usar unidades de medida para responder a necessidades e questões do quotidiano.
Interesse e Curiosidade pela matemática
  • Mostrar interesse e curiosidade pela matemática, compreendendo a sua importância e utilidade. 
  • Sentir-se competente para lidar com noções matemáticas e resolver problemas.

 

Sugestões de reflexão

  • Quais os espaços, áreas da sala e materiais que as crianças podem usar ou consultar autonomamente para explorarem noções matemáticas? Como apoia a exploração desses materiais para desafiar as crianças a colocarem questões e a inventarem problemas matemáticos e descobrirem estratégias de resolução? 
  • De que modo leva as crianças a comunicarem o seu pensamento matemático e a debaterem em pequenos grupos as suas ideias e a forma como resolveram os problemas propostos por elas ou pelo/a educador/a? 
  • Ao organizar a sala, teve a intenção de prever espaços e materiais que promovam as diferentes componentes da aprendizagem matemática (desenvolvimento do sentido do número, operar com formas e figuras geométricas, construir padrões, explorar os atributos mensuráveis dos objetos)? O que alteraria ou manteria, de modo a contemplar estas componentes da aprendizagem matemática?
  • Tira proveito do espaço exterior (recreio, jardins, visitas de estudo, etc.) e das vivências das crianças para desenvolver o pensamento espacial: pontos de reconhecimento de locais; observar o que pode e não pode ser visto de uma determinada posição; representar percursos; leitura e construção de mapas e plantas, etc.?
  • Pense em propostas que tenha desenvolvido com as crianças com intenção de trabalhar a matemática. Quais considera que contribuíram para promover o interesse e a curiosidade das crianças? Quais considera que não foram tão bem sucedidas e porquê?