Dia Mundial da Língua Portuguesa

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Dia Mundial da Língua Portuguesa

Dia Mundial da Língua Portuguesa - 5 de maio de 2023

Pertenço à raça daqueles que percorrem o labirinto

Sem jamais perderem o fio de linho da palavra

Sophia de Mello Breyner Andresen

A Lei n.º 107/2001, de 8 de setembro, consagra a língua portuguesa, enquanto fundamento da soberania nacional, um elemento essencial do património cultural português. Ora, nesta expressão, o dever subjacente e que a todos incumbe — a salvaguarda da língua — é, em grande parte, indissociável do seu elogio.

Embora as palavras estejam à guarda e a cargo de todos os cidadãos, é sobretudo nos momentos comemorativos que as expressões de amor à língua nos transportam para a larga cópia de elogios feitos por autores cimeiros. Este movimento que nos possibilita o encontro com os que têm a missão de não perder “o fio de linho da palavra”, ainda que muito conveniente nas ocasiões festivas, tem, pelo menos, a vantagem de mostrar a língua como um ser vivo, como escreveu Correia Garção: “ao tempo estão sujeitas as palavras,/umas se fazem velhas, outras nascem”. Este célebre dito, que vai ecoar em muitos autores ao longo dos tempos, pode chamar a atenção, neste dia 5 de maio, para o significado vivencial do uso de uma língua. 

E se, no ano de 2019, a 40.ª sessão da Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) decidiu proclamar, por aclamação, a data de 5 de maio de cada ano como o Dia Mundial da Língua Portuguesa, reconhecendo o seu papel e o contributo “para a preservação e disseminação da civilização e culturas humanas”, seja-nos permitido reconhecer o valor do uso da língua pátria como meio privilegiado da comunicação, evocando a contemporaneidade com exemplos eloquentes. A este propósito não é alheio Mário de Carvalho, um escritor influente na sociedade em que vive pela defesa e valorização da língua, e com uma noção clara desta como organismo vivo, quando escreve: “[As palavras] Vêm de contrabando, estabelecem-se, envelhecem, desaparecem. Às vezes morrem, outras ficam adormecidas e são despertadas pelo beijo mágico de algum príncipe das letras, que pode ser um humilde jornalista.(...) São como o deus grego Proteu, sempre a mudar de forma e mesmo de género («mha senhor», dizia-se antes de «senhora» assumir o feminino). A mesma palavra, como  se refere no Crátilo, de Platão, pode estar no Olimpo, na companhia dos deuses, ou na rua, entre a gentalha mais desordeira. A palavra depende sobretudo das companhias.”[1]

Cientes de que os Agrupamentos de Escolas e Escolas Não Agrupadas continuam a associar-se à comemoração da língua portuguesa, exaltando todas  as suas virtualidades por via de programações escolares adequadas aos contextos e realidades, divulga-se a iniciativa da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa,  o ciclo de debates, por videoconferência, intitulado “Realidades, Desafios e Oportunidades no Espaço da Língua Portuguesa: Literacia, Ciência, Cultura e Economia”, a decorrer entre os dias 2 e 5 de maio de 2023.